Cidade mais alta do mundo é também a mais perigosa do Peru: como é viver por lá?
Na cidade mais alta do mundo, as condições de sobrevivência são adversas. Os moradores têm expectativa de vida de apenas 35 anos, e isso não é por causa do ar rarefeito. Entenda melhor aqui.

A cidade mais alta do mundo fica no Peru e é uma das mais perigosas deste país. Estamos falando de La Rinconada, situada a 5.100 metros de altitude nos Andes peruanos. A sua população tem expectativa de vida baixa, de apenas 35 anos, sobrevivendo em meio à condições adversas. E engana-se quem acha que isso tem a ver com o ar rarefeito (pouco oxigênio) por lá… as pessoas se adaptaram à altitude, mas elas enfrentam condições precárias de trabalho, falta de saneamento básico, violência, entre outros.
A cidade que nasceu da corrida do ouro é considerada a mais perigosa do Peru por vários motivos. Então, como as pessoas sobrevivem por lá? Te contamos abaixo.
Como é viver em La Rinconada?
A cidade sofre com a falta de infraestruturas, pobreza extrema e a economia informal e ilegal em torno da mineração de ouro que atrai criminalidade e desorganização social.
Isolada, a cidade é precária: não possui saneamento básico, água encanada, coleta de lixo, hospitais, escolas e estradas asfaltadas. A única fonte de água potável na cidade provém de lagos contaminados por mercúrio.
A economia da região vem da mineração de ouro, mas de forma predatória e ilegal. Os trabalhadores que extraem ouro de minas não têm salário fixo, mas podem ficar com uma parte do ouro extraído. Sem pagamento justo, isso gera miséria e trabalho forçado.
Além disso, o uso de mercúrio no processo de mineração do ouro é altamente prejudicial para o meio ambiente, contaminando solo e água, e para a saúde dos moradores, causando problemas de saúde como danos neurológicos e reprodutivos.

As pessoas adoecem e morrem lentamente devido a doenças pulmonares e infecções respiratórias, já que vivem em condições insalubres, em meio ao lixo e esgoto, e sem cuidados médicos.
Isso tudo contribui para a baixa expectativa de vida da população de cerca de 35 anos, pouco mais da metade da média nacional peruana.

E tem mais… a ausência de um sistema de leis efetivo contribui para um ambiente de alta criminalidade e violência. A cidade liderou um ranking de taxa de homicídios feito pelo Observatório de Crime e Violência do Peru. Segundo o La Republica, entre 16 de junho de 2024 e 15 de junho de 2025, a cidade registrou uma taxa de homicídios de 52,9 por 100 mil habitantes.
Acidentes de trabalho por lá são frequentes, assim como casos de exploração sexual. E é comum ver até crianças trabalhando nas minas de exploração de ouro. E ainda assim, muitas pessoas continuam migrando para La Rinconada com a promessa de riqueza.
Desafio da altitude extrema
A cidade está localizada em um território árido e congelado, com temperaturas que podem chegar a -11°C e de ar rarefeito. Os níveis de oxigênio por lá podem ser até 50% menores aos do nível do mar, o que provoca o chamado ‘mal de montanha crônico’. Estima-se que até 20% da população sofra desta condição, que causa fadiga, dores de cabeça, insônia e perda de apetite.
Um novo habitante em La Rinconada leva cerca de 1 mês para se adaptar completamente à baixa concentração de oxigênio.

Mas ainda assim, as pessoas se adaptaram à falta de oxigênio. O organismo aumenta a produção de glóbulos vermelhos e, consequentemente, de hemoglobina, o que melhora o transporte de oxigênio pelo corpo.
Referências da notícia
Na cidade mais alta do mundo, moradores mal chegam aos 35 anos. 09 de setembro, 2025. Joice Gomes.
A Cidade mais alta do planeta, onde condições são tão precárias que as pessoas mal chegam aos 35 anos — sem hospitais, esgoto e ao lado de doenças. 08 de setembro, 2025. Romário Pereira de Carvalho.
Sem lei e sem oxigênio: como é viver na cidade mais perigosa e alta do mundo. 09 de setembro, 2025. Luiza Feppe.