Chernobyl: como as plantas não morrem com a radiação?

Após o maior desastre nuclear que a humanidade teve que enfrentar, as plantas ainda nascem em Chernobyl. Como será que elas sobreviveram e ainda nascem com a contaminação radioativa?

Chernobyl
A incrível sobrevivência das plantas em Chernobyl após o desastre nuclear que resultou na escassez de humanidade no local.

O acidente nuclear que aconteceu em Chernobyl foi com certeza um dos maiores e mais perigosos desastres que a humanidade teve que encarar. E apesar de todo esse tempo que passou, mais de três décadas, existe uma Zona de Exclusão que ainda representa um perigo para qualquer ser humano que se aproxime dela devido à tamanha contaminação radioativa.

O curioso é que apesar de tanta tensão e exclusão, a vida em Chernobyl não desapareceu por completo como muitos imaginam, isso porque, em uma estranha contradição, após o desastre nuclear, deu-se origem a uma das mais isoladas e maiores reservas naturais do mundo, e a pergunta que fica é: como as plantas não morrem com a radiação?

Para se ter uma ideia, a contaminação radioativa com a explosão do reator 4 na Usina Nuclear de Chernobyl foi tão grande que se espalhou como ondulações na água.

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Além de ser uma das energias mais potentes da natureza, a explosão nuclear gera uma carga imensa de radioatividade, que, como já foi muito discutido, não desaparecerá por séculos. Consequentemente, teve que ser estipulada uma Zona de Exclusão de 2.600 quilômetros quadrados, onde é proibido entrar.

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Impactos da explosão do Reator 4 da Usina de Chernobyl são sentidos até hoje.

Apesar de toda a destruição, abandono e escassez de humanidade, Chernobyl tem muita vida. A natureza mostrou a sua força e reconstruiu ricamente tudo aquilo que lhe pertence. Lobos, javalis, até mesmo espécies de águias que estavam ameaçadas de extinção, recuperaram suas populações apesar de toda a radiação.

O mais surpreendente é que as plantas ficaram ainda mais fortes e continuam a se infiltrar mesmo em lugares muito próximos do Reator 4.

Além dos animais, a vida vegetal também foi recuperada, o que tem provocado muito indagações entre os pesquisadores. Sabe-se que a vegetação nativa tem sido mais exposta do que qualquer outra espécie a altos níveis de radiação, isso porque são incapazes de se deslocar para regiões mais remotas na tentativa de fugir das consequências nucleares.

Sobrevivência

Com relação aos animais e aos seres humanos, sabe-se que desenvolveram formas bastante complexas de adaptação, onde sua estrutura funciona até mesmo como uma máquina com engrenagens interdependentes e sincronizadas, que possibilita a sobrevivência no ambiente.

Apesar disso, toda essa interdependência também tem suas próprias desvantagens, ou seja, é improvável que uma pessoa sobreviva sem coração ou sem cérebro.

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Em meio ao caos e ao abandono, as plantas sobrevivem e a natureza retoma seu lugar.

Em contrapartida, as plantas encontraram meios de neutralizar suas desvantagens, se tornando mais flexíveis e orgânicas diante do meio ambiente. De início, parece que a incapacidade de locomoção das plantas é uma desvantagem, mas na verdade é o contrário.

Pois é, essa "desvantagem" fez com que as plantas se tornassem mais resistentes e desenvolvessem um nível de adaptação que não se compara ao dos animais.

A estrutura das plantas

As células vegetais são capazes de gerar novas células conforme as necessidades da planta, algo que as células animais não fazem. Um ótimo exemplo disso é o plantio por estaquia, em que através de um galho ou uma folha surja novas raízes.

Sim, é indiscutível que a radiação como a que existe em Chernobyl, causa danos gravíssimos ao DNA, ou em casos menos graves, mutações que modificam o comportamento das células, como por exemplo, uma reprodução incomum.

Nas plantas, isso acontece de forma diferente, mesmo que seja possível lesões e tumores de forma pontual, mas a diferença é que esses danos não se espalham para outras regiões da planta, e mais importante, com o superpoder de produção de células de acordo com suas necessidades, as plantas encontram meios de contornar o tecido danificado e até mesmo simplesmente ignorá-lo.