Brasil registra queda histórica no número de queimadas com menor índice em 12 anos, segundo o INPE

Com investimentos em brigadistas, aeronaves e ações preventivas, o país conseguiu reduzir drasticamente os focos de calor, revertendo uma sequência de recordes negativos nos últimos anos.

De acordo com o Inpe, o Brasil viu redução expressiva de queimadas, especialmente na Amazônia e no Pantanal, nos primeiros meses de 2025.
De acordo com o Inpe, o Brasil viu redução expressiva de queimadas, especialmente na Amazônia e no Pantanal, nos primeiros meses de 2025. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil alcançou uma marca positiva em 2025: o menor índice de focos de calor registrado nos últimos doze anos. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre janeiro e 7 de agosto, foram contabilizados aproximadamente 30 mil focos de incêndio, um número inferior ao registrado em 2013, quando houve 28 mil ocorrências no mesmo período.

Esse resultado foi impulsionado por uma série de ações preventivas coordenadas pelo Governo Federal, como o aumento no número de brigadistas, investimentos em equipamentos e a aplicação de queimas prescritas. Além disso, o término do fenômeno El Niño, que havia agravado os padrões de seca em 2024, favoreceu as condições climáticas deste ano.

A Amazônia e o Pantanal, biomas fortemente atingidos em anos anteriores, registraram quedas significativas. No Pantanal, os focos passaram de cerca de 6,6 mil para apenas 126. Já na Amazônia, o número caiu de 30 mil para 7 mil ocorrências.

Segundo o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, André Lima, a queda se deve à junção de fatores naturais e políticos.

Foi um conjunto de ações de mobilização dos atores locais, com investimento nos corpos de bombeiros e aumento das iniciativas federais. Os resultados começam a aparecer”, explicou.

Infraestrutura e legislação reforçam capacidade de resposta

O reforço da estrutura também foi um fator essencial. O país conta agora com o maior contingente de brigadistas federais da história, somando 4.385 profissionais — aumento de 26% em comparação com 2024. Ao mesmo tempo, foram adquiridos 11 helicópteros e quase 800 veículos operacionais, com investimentos superiores a R$ 45 milhões entre 2023 e 2025.

Grande parte dos recursos veio do Fundo Amazônia, que destinou R$ 405 milhões para ações de combate ao fogo, dos quais R$ 370 milhões já foram contratados. Pela primeira vez, o fundo também apoia medidas fora da região amazônica, incluindo o Cerrado e o Pantanal.

Outro avanço relevante foi a sanção da Lei 15.143/2025, que amplia a capacidade de resposta ao permitir repasse direto de recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) a estados e municípios. A nova legislação também facilita a recontratação de brigadistas e autoriza o uso de aeronaves estrangeiras em emergências ambientais.

COP30 e ações estratégicas em Belém

Com a realização da COP30 marcada para novembro em Belém, ações específicas estão sendo conduzidas na região. Segundo o analista ambiental João Moreira, do ICMBio, estão sendo feitos aceiros e queimas prescritas para impedir a propagação do fogo.

Apesar de novembro não ser mês de seca, o governo elaborou um plano especial para o Pará, especialmente no leste e sul do estado, onde há histórico de desmatamento e alta incidência de fogo em períodos secos.

Além disso, não há unidades de conservação sob gestão do ICMBio próximas à capital paraense com histórico de incêndios frequentes, o que permite focar os esforços em regiões como Itaituba e Santarém, onde a situação é mais crítica.

Referências da notícia

Brasil alcança menor índice de focos de calor dos últimos 12 anos. 25 de agosto, 2025. Agência Gov.