Balanço meteorológico de Janeiro

O mês de janeiro registrou chuvas abaixo da média climatológica na maior parte do Brasil. No entanto, tempestades isoladas típicas de verão marcaram presença em algumas áreas. Em vários estados, o calor foi um dos principais assuntos meteorológicos do mês.

Janeiro com padrões climáticos diferenciados no país.

Mais um janeiro foi atípico em relação a climatologia. Anomalias negativas de precipitação foram registradas em grande parte do território nacional, evidenciando que as trovoadas da monção foram suprimidas e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) esteve ausente, fato que ajuda a explicar as altas temperaturas nos estados do centro-leste.

Apesar das chuvas terem sido mal distribuídas, tempestades isoladas foram responsáveis por acumulados expressivos e impactos em algumas localidades. Na tarde do dia 24 de janeiro, a cidade de Campinas no interior de São Paulo teve inundações urbanas e uma morte após uma chuva forte acumular 61 mm em pouco tempo. Na mesma data, São José em Santa Catarina recebeu 127 mm, resultando em inundações e deslizamentos de terra, uma adolescente morreu.

Alguns municípios do centro-oeste e do nordeste também tiveram problemas. Entre os dias 17 e 18, choveu aproximadamente 150 mm em Batayporã no sudeste do Mato Grosso do Sul, várias casas e ruas foram alagadas. Na região nordeste, o Ceará teve muitas cidades afetadas por chuvas fortes. Jaguaruana liderou o ranking de maior quantia de precipitação do estado nos dias 19 e 20 com 137,4 mm.

Anomalia de precipitação e temperatura máxima em janeiro de 2019 (Fonte: CPTEC/INPE).

Já o sudoeste do Rio Grande do Sul registrou o maior valor de precipitação acumulada do Brasil em janeiro, cerca de 600 mm. Para se ter uma ideia, a média climatológica do mês em Uruguaiana é de 116,5 mm, isto significa que choveu mais que o triplo do normal no município. Foram reportados transbordamento de rios, inundações e perda de lavouras em várias cidades do sudoeste gaúcho.

Com relação as altas temperaturas, as estações meteorológicas automáticas do INMET registraram valores superiores aos 39ºC em vários locais do país durante o mês. Em Porto Murtinho no Mato Grosso do Sul, a temperatura máxima registrada foi de 41,3ºC. No estado do Rio de Janeiro, a Restinga da Marambaia marcou 40,8°C, valor muito próximo dos 40,9ºC em Tupã no interior de São Paulo. Áreas do leste da região sul também tiveram temperaturas prejudiciais à saúde. Indaial em Santa Catarina e Campo Bom no Rio Grande do Sul registraram temperaturas na ordem dos 40ºC.

Motivos do padrão observado

Enquanto no setor norte da região nordeste as chuvas foram motivadas pelo padrão de vento na atmosfera superior, banda de nuvens convectivas e o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) no começo do mês, as condições mais quentes e secas no centro-leste brasileiro e o excesso de chuva nos Pampas decorreram de um forte bloqueio atmosférico. A cúpula de alta pressão associada ao bloqueio foi parte de uma circulação anômala de grande escala, forçada a partir do Pacífico Sul Ocidental.