Ave que estava desaparecida há décadas no Brasil é flagrada em parque nacional do Paraná

A redescoberta do Uiraçu no sul do Brasil revela que ainda há esperança para espécies ameaçadas, desde que políticas públicas sustentáveis sejam priorizadas e mantidas com consistência.

Registro da ave Uiraçu no Brasil reacende debates sobre extinção, políticas públicas e proteção de áreas naturais.
Registro da ave Uiraçu no Brasil reacende debates sobre extinção, políticas públicas e proteção de áreas naturais. Foto: IUCN Red List/ biodiversity4all

Uma descoberta recente no sul do Brasil está agitando a comunidade científica. Após décadas sem qualquer registro confirmado, o Uiraçu (Morphnus guianensis), uma das aves de rapina mais raras da fauna brasileira, foi novamente avistado em território nacional. O registro ocorreu no Parque Nacional do Iguaçu, no estado do Paraná, e representa um marco importante para os esforços de conservação no país.

A confirmação da espécie veio por meio de imagens captadas por câmeras de monitoramento instaladas por pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A filmagem da ave viva, em plena atividade, não apenas desafiou as previsões de extinção, como também reacendeu debates sobre o papel das áreas protegidas na preservação da biodiversidade brasileira.

Uma imagem que vale décadas

A confirmação da presença do Uiraçu foi possível graças ao trabalho de especialistas que, através do monitoramento em regiões isoladas do parque, conseguiram captar imagens nítidas da ave. A filmagem marca o primeiro registro visual da espécie naquela unidade de conservação e, mais do que um feito técnico, representa um alívio para a comunidade científica, que já considerava a espécie extinta no território nacional.

Essa capacidade de sobrevivência mesmo sob pressão antrópica reacende o interesse pela investigação de outras espécies consideradas desaparecidas, que talvez estejam apenas escondidas, e não extintas.

Além do impacto científico, o acontecimento representa um sopro de esperança em tempos em que a biodiversidade brasileira enfrenta graves ameaças. O registro pode, inclusive, servir de impulso para o fortalecimento de políticas públicas ambientais e projetos de preservação em outras áreas protegidas.

Desafios no campo e expectativas para o futuro

O processo que levou ao reencontro com o Uiraçu exigiu meses de preparação, persistência e enfrentamento de dificuldades logísticas. O acesso às áreas mais remotas do parque, somado às condições climáticas adversas, exigiu esforço extra da equipe de campo. A instalação e manutenção dos equipamentos demandaram recursos técnicos e humanos, o que evidencia a importância de financiamentos contínuos voltados à pesquisa.

Os pesquisadores pretendem aprofundar os estudos na região. A ideia é instalar novas câmeras, ampliar as análises de campo e entender melhor o comportamento do animal, especialmente sua alimentação, rotas de voo e dinâmica territorial. Essas informações serão essenciais para a criação de estratégias eficazes que assegurem a permanência da espécie no país.

A redescoberta também tem potencial para influenciar ações de educação ambiental, engajando comunidades locais e incentivando o interesse público pela proteção da fauna brasileira. Quanto maior for o envolvimento social, mais forte será o suporte a iniciativas sustentáveis.

Referências da notícia


Pablo Naspol. Ave considerada extinta no Brasil é reencontrada por cientistas. 28 de setembro, 2025.