Até 2050, as mudanças climáticas irão causar mais de 14 milhões de mortes e trilhões de dólares em perdas econômicas

Um novo relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em sua reunião anual em Davos, na Suíça, alerta para um futuro extremamente perigoso para a saúde humana e a economia mundial diante das mudanças climáticas do nosso planeta.

Impacto mudanças climáticas na saúde
As mudanças climáticas já são responsáveis por grandes perdas econômicas e de vidas humanas, mas esses números poderão aumentar ainda mais até 2050.

Um novo relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado na última terça-feira (16) durante sua reunião anual em Davos, na Suíça, traz um importante alerta que até o ano de 2050 as mudanças climáticas poderão causar 14,5 milhões de mortes e 12,5 trilhões de dólares em perdas econômicas em todo o planeta.

O relatório chamado “Quantificando o Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde Humana“, escrito em colaboração com Oliver Wyman, traz uma análise econômica profunda de como as mudanças climáticas irão remodelar os panoramas de saúde nas próximas duas décadas, analisando também os impactos indiretos dessas alterações do clima na saúde humana, na economia e nos sistemas de saúde.

De acordo com as análises feitas, o aumento das temperaturas e dos eventos climáticos extremos irão agravar as doenças infecciosas e cardiovasculares, os problemas respiratórios e outros problemas de saúde, afetando de forma desproporcional as comunidades que já são mais vulneráveis. Isto inclui as mulheres, jovens, idosos e pessoas de baixa renda, principalmente aquelas que vivem em países em desenvolvimento, como países da África e sul da Ásia.

A crise climática é uma crise de saúde, e está a gerar um ciclo vicioso de doenças, devastação económica e sofrimento. Este relatório deixa claro que ainda precisamos entender seu impacto total - Vanessa Kerry, CEO da Seed Global Health e Enviada Especial da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além do aumento do número de mortes e de perdas econômicas, o relatório também aponta que os impactos gerados pelas mudanças do clima irão gerar mais 1.1 trilhão de dólares em custos adicionais para os sistemas de saúde, causando uma sobrecarga em infraestruturas que já são sobrecarregadas e criando um impacto adicional significativo sobre os recursos médicos e humanos.

Todas as análises feitas neste relatório foram baseadas no cenário desenvolvido pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sobre a trajetória mais provável de aquecimento global, de um aumento da temperatura média do planeta de 2.5° a 2.9 °C acima dos níveis pré-industriais.

Os principais fatores climáticos que afetam a saúde humana

No relatório são analisados seis grandes categorias de eventos climáticos que causam impactos negativos à saúde humana, são eles: inundações, secas, ondas de calor, tempestades tropicais, incêndios florestais e aumento do nível do mar.

Dos seis eventos climáticos analisados, as inundações representam o maior risco de mortalidade, podendo ser responsáveis por 8.5 milhões de mortes até 2050. As secas, indiretamente associadas ao calor extremo, serão a segunda maior causa de mortes associadas ao clima até 2050, provocando 3.2 milhões de mortes.

As mudanças climáticas podem causar uma reação em cadeia de eventos que afetam a saúde humana. Imagem: Fórum Econômico Mundial.

As ondas de calor representarão a maior causa de perdas econômicas nos próximos anos, estimado em 7.1 trilhões de dólares até 2050 devido a perda de produtividade. Além disso, a poluição atmosférica, associada principalmente à concentração de partículas finas e pelo aumento da concentração de ozônio na troposfera, será a maior responsável pelas mortes prematuras, podendo causar quase 9 milhões de mortes por ano.

Com o aumento das temperaturas também haverá um aumento catastrófico da propagação de doenças relacionadas ao clima, como a malária, dengue e zika, e essas doenças terão um grande impacto em regiões que antes não eram tão afetadas pelas mesmas, como a Europa e os Estados Unidos. Mais de 500 milhões de pessoas poderão ficar em risco de exposição a essas doenças transmitidas por vetores até o ano de 2050.

Ainda há esperanças, mas temos muito a fazer!

Apesar do cenário negativo revelado, o relatório também enfatiza que ainda há tempo para tomarmos medidas decisivas e estratégicas para contrariar estas previsões e mitigar as consequências das mudanças climáticas para a saúde. Entretanto, para isso, precisamos de uma grande cooperação, que vá além das fronteiras e dos interesses econômicos dos países, das partes interessadas e uma transformação abrangente do sistema de saúde global, para torná-lo mais resiliente, adaptável e igualitário, atendendo a todos sem distinções.