Ártico atinge o mínimo anual de gelo marinho abaixo da média histórica

Este verão no Hemisfério Norte ficou consagrado na 12º posição dos menores registros de extensão de gelo marinho no Oceano Ártico, desde que se tem dados. Veja mais detalhes no texto a seguir.

Hielo Ártico
Os dados da NASA indicam que a extensão mínima do gelo marinho no Ártico foi atingida em 16 de setembro de 2021.

O gelo marinho no Ártico e nas bacias circundantes parece já ter atingido sua extensão anual mínima no dia 16 de setembro deste ano. Esta marca passa a ser a décima segunda menor dos registros que se têm de satélites, desde 1979, de acordo com os cientistas do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo e da NASA, onde a extensão do gelo marino foi reduzida a apenas 4,72 milhões de km2.

A análise indica que, no geral, durante 2021 menos gelo marinho derreteu em comparação com quando o planeta estava mais quente do que o normal, com novos recordes de temperatura na América do Norte, Europa e Ásia, secas no oeste dos EUA e episódios de intenso derretimento na camada de gelo da Groenlândia.

Imagen satelital NASA
Esta imagem mostra o gelo marinho do Ártico em 16 de setembro de 2021, quando parecia atingir sua extensão anual mínima. Imagem do estúdio de visualização científica da NASA

E mais ao norte de onde ocorreram esses eventos, as condições meteorológicas permaneceram predominantemente mais frias e com a formação de tempestades, em todo aquele setor do oceano. Durante grande parte do verão, a baixa pressão que se localizava na região, trouxe dias muito nublados, o que limitou a quantidade de luz solar que podia atingir o gelo e causar o derretimento. As tempestades também são capazes de espalhar o gelo, desacelerando seu declínio.

Claire Parkinson, cientista do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, comenta sobre estas diferenças de um local para outro e de um ano para outro: "Não vejo nenhuma inconsistência de que a extensão do gelo marinho do Ártico não tenha quebrado nenhum recorde este ano, apesar das temperaturas globais estarem altas". "A chave é que a Terra é grande e existem diferenças regionais".

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"Não esperamos que o gelo marinho diminua a cada ano", acrescentou Walt Meier, pesquisador de gelo marinho no Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo, "assim como o esperamos que as temperaturas sejam mais quentes em todos os lugares da Terra a cada ano, mesmo com o aquecimento global.

Algumas conclusões

As tendências de longo prazo são mais importantes do que qualquer ano em separado e elas continuam apontando fortemente para o lado negativo. As últimas extensões mínimas registradas por satélites ocorreram nos últimos 15 anos (2007 a 2021). Segundo Meier, os dados mostram que o gelo marinho deste verão (JJA) continha a segunda menor quantidade de gelo de vários anos já registrada.

Extensão de gelo marinho nas últimas décadas e o ponto vermelho mostra o recorde mínimo ocorrido em 16 de setembro deste ano. Fonte: NASA

O gelo marinho também tende a ser mais jovem e mais fino; ou seja, há menos gelo anual que sobrevive a uma temporada de verão e que consegue aumentar sua extensão durante o inverno seguinte.

Parkinson e Meier acham que durante este verão (JJA), uma grande quantidade de gelo estava a ponto de desaparecer, mas nunca chegou a isto, de fato, mantendo a sua extensão mas não a espessura. "Parece haver uma boa quantidade de gelo nos mares de Beaufort e Chukchi que parece ter diminuído um pouco", disse Meier, "mas não havia energia suficiente durante o verão para derretê-lo completamente".