A onda de calor de março foi 1°C mais quente. Qual o motivo dessa aumento?

As ondas de calor registradas principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro estão 1°C mais quentes do que as ondas de calor previamente observadas no país, mesmo ocorrendo no final do verão. Na capital paulista, os termômetros alcançaram 34,7°C no dia 16 de março, a maior temperatura máxima para o mês desde o início da série histórica, segundo medições do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). No Rio de Janeiro, a sensação térmica chegou a 62,3°C em 17 de março.

O trabalho buscou analisar como eventos similares mudaram neste século (2001 a 2023), em comparação com o século anterior (1979 a 2001). Além da elevação em 1°C, os cientistas observaram também que eventos parecidos ocorreram principalmente em novembro e dezembro, mas hoje em dia estão acontecendo em fevereiro e março.

Ondas de calor estão ficando cada vez mais quentes!

O ClimaMeter é um grupo de cientistas de diferentes países que realiza estudos de atribuição para colocar os extremos meteorológicos em uma perspectiva climática logo após a sua ocorrência. No final de 2023, o grupo realizou o primeiro estudo sobre a onda de calor que atingiu o Brasil entre os dias 13 e 19 de novembro, indicando que o evento foi de 1°C a 4°C mais quente do que teria sido em condições climáticas do passado.

Os pesquisadores atribuem essa atipicidade a uma combinação de variabilidade climática natural com mudanças climáticas provocadas pela ação humana. Eles reconhecem que esta mudança é impulsionada pela queima de combustíveis fósseis, responsável por grande parte da emissão de gases do efeito estufa.

Os resultados do trabalho mostram ainda que, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo estão até 1°C mais quentes do que no passado, e a capital paulista tem registrado aumento da precipitação, algo que, junto de temperaturas mais altas, contribui para aumentar o índice de calor.

Diante dessas informações, os pesquisadores chamam atenção para os impactos das mudanças climáticas no Brasil, que podem elevar os riscos de saúde e prejudicar a economia. Estamos entrando no outono do Hemisfério Sul, porém a estação continua sendo caracterizada por condições semelhantes ao verão ou até mesmo por ondas de calor em grande parte do Brasil.

As consequências são maiores para comunidades marginalizadas, por isso, é preciso traçar estratégias que auxiliem essas populações, buscando uma justiça climática. Ondas de calor, inundações, secas, incêndios florestais e ciclones tropicais são capazes de intensificar a miséria em todo o planeta, criando novos riscos de proteção entre as populações mais vulneráveis.

Referência da notícia

Faranda, D.; Alberti, T. High temperature in Brazil heatwave intensified by both human-driven Climate Change and Natural Variability. ClimaMeter.