17 mil focos de incêndio! Brasil bate novo recorde nos primeiros quatro meses de 2024

Novos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aponta um novo recorde de queimadas em 2024! O bioma Amazônia detém a maior porcentagem de incêndios!

Incêndio
Focos de incêndios atingem novo recorde no primeiro quadrimestre de 2024. Foto: Estevão N F Souza/ JBB.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil teve o pior quadrimestre de queimadas desde 1998, quando os índices passaram a ser contabilizados no país. Em 2002 tinham sido 8.096, e o recorde anterior havia sido em 2003, quando houve 16.888 focos no primeiro quadrimestre.

De janeiro até 30 de abril deste ano foram contabilizadas 17.064 queimadas, significando um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023, quando houve 9.473. E o bioma amazônico representa mais da metade dos registros.

Bioma Amazônia detém a maior porcentagem de incêndios

O Mato Grosso passou de 1.975 para 4.131, alta de 109%. Em terceiro lugar, o Pará subiu para 576 para 1.058, aumento de 83%, seguido da Bahia, que passou de 864 para 995 com 15% de aumento e o Mato Grosso do Sul, que foi de 356 para 961, representando um aumento de 169%.

Os estados de Roraima e Mato Grosso lideram o ranking das queimadas, com 4.609 e 4.122 registros de queimadas, respectivamente. O estado que abriga a terra indígena Yanomami é o recordista em incêndios no quadrimestre. E a nível de bioma, a Amazônia detém a maior porcentagem de queimadas nos primeiros 4 meses de 2024.

Queimadas
Quantidade de queimadas por bioma em 2024. Fonte: INPE.

Em março deste ano, o governo de Roraima decretou situação de emergência em 14 dos 15 municípios em razão da seca. Isto em razão do período prolongado de chuvas abaixo da média, que resultou em prejuízos à agricultura e pecuária, incêndios florestais, danos à fauna e à flora. Na América do Sul, o Brasil está atrás apenas da Venezuela, que teve 36.667 focos, seguido da Colômbia com 11.923.

"A Amazônia normalmente não queima sozinha"

Segundo Luiz Aragão, pesquisador da divisão de observação da terra e geoinformática do INPE, a ação humana e o fenômeno El Niño são fatores que podem ter influenciado na alta dos números.

O recorde que observamos está relacionado com a ocorrência do fenômeno El Niño, que é o aquecimento do Oceano Pacífico, causando aumento de temperatura em cima do continente e diminuição de chuva, especialmente na fração norte da Amazônia, ao norte do Equador.

A grande parte dos incêndios são provocados pela ação humana. Por exemplo, a Amazônia normalmente não queima sem uma fonte de ignição, provocadas em razão da degradação florestal para o manejo de plantações.

O Mato Grosso do Sul passa por um período atípico desde o final de 2023, com anomalias negativas de precipitação e baixa umidade do ar. Com isso, o material orgânico seco facilita a combustão.

Sob esta perspectiva, foi publicada uma nota que proíbe o uso de fogo entre 1° de julho a 30 de novembro, nos biomas da Amazônia e do Cerrado. E no Pantanal, essa proibição vai de 1° de julho a 31 de dezembro, pois são meses com pouca precipitação e baixa umidade, ou seja, condições favoráveis a incêndios florestais.

Em períodos de estiagem, órgãos como o Corpo de Bombeiros Militar atuam com um efetivo em larga escala para combater as queimadas, evitando mais consequências negativas à população.