Amazônia em chamas: incêndios em áreas de florestas maduras cresceram 152% no ano passado!

Os incêndios florestais continuam sendo grande preocupação na Amazônia. No ano passado houve um aumento de 152% em áreas de florestas maduras contra apenas 22% na redução do desmatamento.

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Incêndio registrado em Boca do Acre no ano de 2023 — Foto: Débora Dutra/Cemaden

Mesmo com queda registrada com relação ao desmatamento e do total de focos de calor na Amazônia, as queimadas seguem na contramão e registrando aumento exorbitante. Em 2023, os incêndios aumentaram cerca de 152% em áreas consideradas como florestas maduras.

O estudo que apontou esse aumento no ano passado foi publicado na revista científica Global Change Biology, o qual mostrou os números de queimadas e de desmatamento. Com relação aos focos de incêndios em 2023, um aumento de 152% contra uma queda de apenas 22% com relação à taxa de desmatamento na Amazônia.

Os números foram apontados após diversas análises com imagens de satélite, em que os pesquisadores detectaram uma elevação de 13.477 para 34.012 focos de incêndios no ano todo. A causa apontada como principal é a seca registrada na Amazônia por conta do El Niño.

Aliás, as secas não foram registradas apenas no ano passado, é uma situação que vem se agravando de forma mais frequente e mais intensa por questões climáticas. Houve o evento de seca prolongada em 2010, em 2015 e 2016, e agora o bioma passa por uma nova estiagem entre 2023 e 2024, isso agrava ainda mais a situação.

Programa Queimadas

Como os focos de incêndio tem aumentado cada vez mais e a preocupação quanto as mudanças no planeta também, foi criado o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O Programa Queimadas do INPE apontou que o total de focos de calor no primeiro trimestre de 2024 na Amazônia foi o maior dos últimos 8 anos com um registro de 7.861 focos entre janeiro e março.

O número de focos de calor na Amazônia apenas no primeiro trimestre deste ano representa mais de 50% do total notificado no Brasil. O segundo bioma que mais vem registrando queimadas é o Cerrado com 25%.

Segundo o especialista em sensoriamento remoto e autor correspondente do artigo Guilherme Augusto Verola Mataveli, da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do INPE, é importante entender onde os incêndios estão ocorrendo porque cada uma dessas áreas afetadas demanda uma resposta diferente.

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Número de queimadas na Amazônia neste ano de 2024 chega a mais de 50% dos biomas no Brasil. Fonte: INPE

Mataveli diz que quando analisamos os dados, vimos que as florestas maduras queimaram mais do que nos anos anteriores. Isso é particularmente preocupante não só pela perda de vegetação e desmatamento na sequência, mas também pela emissão de carbono estocado.

O pesquisador brasileiro está atualmente no Tyndall Centre for Climate Change Research, no Reino Unido, onde desenvolve parte de seu pós-doutorado sobre emissão de gases de efeito estufa por queimadas com o apoio da FAPESP (projetos 19/25701-8 e 23/03206-0), que também financia o trabalho por meio de outros quatro projetos (20/15230-5, 20/08916-8, 21/04019-4 e 21/07382-2).

Mataveli ainda completa que "a lém da gravidade dos incêndios em áreas de florestas maduras atingirem, por exemplo, árvores mais antigas, com maior potencial de estoque de carbono, contribuindo para o aumento do impacto das mudanças climáticas, há o prejuízo para as populações locais. Manaus é um desses casos, que foi a segunda cidade com a pior qualidade do ar no mundo em outubro do ano passado".