Atlântico Tropical vai favorecer um período mais chuvoso e o maior risco de eventos extremos no Nordeste

Você deve ter percebido que nas últimas semanas a região Nordeste do país tem recebido chuvas significativas, principalmente na porção norte e leste. Este cenário chuvoso está relacionado com a intensa atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que está diretamente ligada às condições de Temperatura de Superfície do Mar (TSM) do Atlântico tropical. Mas e o El Niño, saiu de cena?

Ainda estamos sob efeito do El Niño?

Desde o mês de dezembro estamos observando um padrão de enfraquecimento gradual do El Niño 2023-24 (fase positiva do El Niño Oscilação Sul (ENOS), tanto o oceano quanto a atmosfera sobre o Pacífico tropical. Ainda há condições de El Niño sob o Pacífico, mas com anomalia de TSM em torno de 1,2°C (Niño 3.4), considerada moderada, visto que em dezembro de 2023 foi registrada anomalias superiores a 1,5°C.

As projeções indicam uma probabilidade de 85% de que o El Niño saia de cena e que o Pacífico transite para neutralidade no período de abril a junho. A respeito da La Niña, a probabilidade é de que se desenvolva no segundo semestre do ano, entre junho e agosto. Ou seja, não teremos nem uma El Niño e nem uma La Niña neste outono 2024.

Águas mais quentes no Atlântico Tropical

O principal destaque nos oceanos é o Oceano Atlântico Tropical, onde as águas estão muito mais quentes em relação à média do mês de abril, com anomalias positivas de TSM. Esse é um dos importantes moduladores de chuva na região Nordeste do país. As águas mais quentes promovem mais umidade e calor para atmosfera, o que pode potencializar a atuação da ZCIT.

Ou seja, favorece o posicionamento mais ao sul da ZCIT, bem como a manutenção da umidade disponível na atmosfera, fazendo com que favoreçam a organização de chuvas no Nordeste, com ênfase na porção norte e leste. Dessa maneira, as condições do Atlântico tropical se tornam mais importantes sob o clima da região, já que o El Niño segue enfraquecendo e perdendo o seu papel de protagonista.

Para o mês de abril, o modelo indica a permanência das águas mais quentes no Atlântico Tropical e anomalias caminhando para a neutralidade no Pacífico. Este panorama contribui para ocorrência de precipitação acima da média pelo menos nesta segunda metade de abril, principalmente no Nordeste.

Condições mais quentes do Atlântico aumentam as chances de precipitação no Nordeste

Como já noticiamos aqui na Meteored Brasil, a segunda quinzena de abril será marcada por uma tendência de chuvas elevadas no litoral norte do Nordeste, onde é possível observar bastante umidade concentrada desde o Maranhão até a Bahia. Segundo a anomalia semanal de precipitação do modelo ECMWF, as chuvas devem predominar até o início do mês de maio!

Tais chuvas no Nordeste serão favorecidas pelo aquecimento do Atlântico Tropical, que contribuem para a organização de calor e umidade na região Nordeste. Entre 29 de abril e 01 de maio, as condições mais úmidas se estendem em toda costa da região, abrangendo também algumas partes do interior nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Maranhão e Piauí. Para a semana seguinte, de 01 a 6 de maio, o padrão é semelhante, porém, restringida apenas para a porção litorânea do Nordeste.

Vale lembrar que essas previsões, podem apresentar incertezas e mudarem em rodas futuras do modelos. Mas, como de costume, seguiremos atentos às atualizações dos modelos, trazendo aqui novidades a respeito das previsões para os próximos dias!