Da tequila ao biocombustível: planta da bebida vira alternativa sustentável para produção de etanol no Brasil
Pesquisa conduzida pela Embrapa vê a Agave tequilana, planta da qual se faz a bebida tequila, como uma fonte de energia renovável para a produção do biocombustível etanol. Entenda mais aqui.

A Agave tequilana, comummente conhecida como agave-azul, é uma planta amplamente utilizada no México para a produção da famosa bebida tequila. E aqui no Brasil, ela pode ganhar uma nova função.
Ela é uma planta resiliente e estratégica que está ganhando destaque no cenário agrícola brasileiro como uma opção versátil e sustentável para diversificar a produção no campo.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a empresa Santa Anna Bioenergia, está estudando o uso sustentável da Agave tequilana para a produção de etanol, bem como para a captura de carbono e para alimentação animal (ração), no Semiárido brasileiro.
Planta da tequila usada para produção de etanol
E como isso funcionaria? Os objetivos do projeto, que deve durar cinco anos, são: diversificar o uso da planta como fonte de energia renovável adaptada ao Semiárido brasileiro, impulsionar a bioeconomia e contribuir para a transição energética no país.
Mas não é só isso. O estudo também vai analisar outras variedades do gênero Agave mantidas no Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa para produção de biomassa. Entre elas, a Agave sisalana (sisal), que é usada principalmente para a produção de cordas, tapetes e carpetes e na construção civil.
A planta do gênero Agave tem alto poder de adaptação ao clima seco e quente do semiárido nordestino, e por isso é uma matéria-prima potencial para a produção de bioenergia (como o etanol) e também para a compensação líquida de gases de efeito estufa. Devido à sua biomassa substancial e ciclo de vida longo, essas plantas são capazes de capturar e armazenar quantidades consideráveis de dióxido de carbono atmosférico.
Tanto o etanol de primeira quanto o de segunda geração podem ser produzidos a partir da Agave tequilana, oferecendo uma alternativa promissora às culturas tradicionais utilizadas para energia. Ainda, os resíduos deste processo de produção de etanol podem ser usados como aporte forrageiro na alimentação de ruminantes, especialmente na época de escassez de forragens no Semiárido.
Tarcísio Gondim, pesquisador da Embrapa, explica que “o ciclo do Agave pode levar cerca de cinco anos ou mais para atingir a fase de colheita. No entanto, o escalonamento das áreas de plantio ao longo do período permitirá a estabilização da produção de biomassa para fins energéticos, garantindo competitividade na exploração comercial no Semiárido”.
Primeiros passos do projeto
Como já comentamos, o projeto terá duração de cinco anos, e nesse período, serão realizados ensaios para recomendação de arranjos de plantio, adubação e tratos culturais para garantir um maior rendimento e maior viabilidade econômica. Um desafio do projeto será viabilizar a mecanização das etapas do plantio e da colheita do Agave.

As primeiras mudas de Agave tequilana já foram trazidas do México e passaram pelo processo de quarentena.
Atualmente, os pesquisadores estão na fase de avaliação da espécie no município de Jacobina, na Bahia, onde está sendo instalada a primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) de Agave tequilana. Outras duas URTs serão instaladas em Alagoinha e em Monteiro, na Paraíba.
Referências da notícia
Embrapa quer usar planta da tequila para produzir etanol. 30 de agosto, 2025. Redação Agro Estadão.
Brasil investe em pesquisa com planta da tequila para produção de etanol. 05 de agosto, 2025. Edna Santos/Embrapa.