Explorando o Ártico

O Ártico está nos holofotes mundiais. Além de ser uma das regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas, também é fonte de recursos valiosos para o homem.

O derretimento do Ártico abriu novas rotas de navegação e, consequentemente, aumentou o fluxo de navios na região.

O Ártico tem chamado muita atenção nos últimos tempos. Seu derretimento acelerado está associado com uma série de acontecimentos climáticos importantes, como as ondas de calor na Europa e o desaceleramento da circulação do Atlântico. Além disso, atividades de navegação e exploração no Ártico estão crescendo, trazendo novos problemas para a região.

Estima-se que 22% das reservas de óleo e gás do planeta ainda não descobertas estejam no Ártico. As companhias de exploração desses recursos fazem muita pressão para a liberação de novas áreas de exploração, mas os impactos dessa atividade em uma área tão sensível como o Ártico pode trazer grandes consequências.

A tundra, por exemplo, uma vegetação rasteira que ajuda a proteger o gelo continental, demora para se recuperar. Imagens de satélite mostram que a vegetação desmatada para a instalação de uma plataforma de extração não se recuperou totalmente, mesmo após 30 anos da desativação. Além disso, constantes derramamentos de óleo e derivados comprometem o equilíbrio do ecossistema polar.

A exploração de óleo e gás na região do Ártico traz graves consequências para o ecossistema polar e pode agravar a perda de gelo continental.

Um outro problema que vem crescendo é o aumento do fluxo de navios no Ártico. Com o derretimento do gelo, novos caminhos e rotas surgiram e regiões antes intocadas passaram a sentir a influência humana. De 2004 a 2007 o turismo no Ártico dobrou e as travessias pelo estreito de Bering cresceram 118% de 2008 a 2012. O risco de incidentes, como encalhamento e naufrágios, também aumentou, já que as cartas náuticas da região estão desatualizadas e a infraestrutura de portos e barcos de apoio é insuficiente para esse volume de embarcações.

De quem é o Ártico?

Com o Ártico tão em alta, começa-se a se discutir se ele deve ser considerado "área comum" do planeta. Algumas nações acreditam que o Ártico é um "bem comum" e todos tem a responsabilidade de preservá-lo. Atualmente oito países possuem território no círculo Ártico, porém apenas cinco deles tem direito de reivindicar a exploração de recursos: Canadá, Islândia, Noruega, Rússia e EUA. Pela lei do mar, cada país tem sua zona econômica exclusiva (ZEE) que se estende 200 milhas a partir da linha de costa. No entanto, existem algumas disputas de áreas comuns entre países e desavenças quanto ao modo como estes definem e mapeiam sua ZEE.

Atualmente, os países com direito sobre o território do Ártico reconheceram a necessidade de se proteger essa região tão importante do planeta, e permitiram que mais países ajudassem. Em 2017, os países do Ártico e os líderes mundiais de pesca - União Europeia, China, Japão e Coreia do Sul - assinaram um tratado internacional para a proteção dos estoques pesqueiros do Ártico. Entretanto, ainda há muito o que ser feito sobre o manejo e proteção da região polar, e interesses políticos e econômicos podem interferir negativamente nesse processo.