Tomates: estudo brasileiro descobre como controlar pragas e deixá-los mais produtivos e resistentes ao calor
Pesquisadores da Embrapa identificaram um gene que causa o porte ereto das folhas do tomateiro, o que acaba evitando a presença de pragas como a mosca-branca. Entenda melhor o mecanismo por trás disso.

Um estudo liderado por pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (Inia) do Uruguai, mapeou o genoma do tomateiro (Solanum lycopersicum) e descobriu um gene responsável por dar o porte ereto às folhas dessa planta.
E por que isso é importante? Porque controla a presença de pragas (como a mosca-branca) no cultivo, aumenta a tolerância da planta ao calor e melhora a produtividade por área cultivada. As descobertas foram publicadas em um artigo na revista aBIOTECH.
Gene para porte ereto e controle de pragas
Tudo começou quando os pesquisadores notaram algumas plantas com uma mutação natural na coleção de germoplasma (sementes armazenadas em câmaras frias) de tomateiros, que apresentavam uma arquitetura de folhas eretas, ou seja, numa posição mais vertical.
A partir desta observação em campo, eles fizeram cruzamentos destas plantas “mutantes” com plantas de folhagem normal.
E qual o mecanismo por trás disso? As folhas eretas não fornecem a proteção que as folhas na horizontal oferecem aos insetos (pragas), o que diminui a quantidade deles que se escondem nas plantas. A posição mais vertical das folhas melhora o controle químico e biológico de doenças, como oídio, e também pragas que se instalam no lado inferior das folhas (embaixo). E nas pulverizações, é difícil alcançar embaixo das folhas.
Além disso, a incidência dos raios solares é menor nessas folhas eretas, o que diminui o estresse por calor e a perda de água dos tomateiros. Quando as folhas são eretas, a planta sofre menor evapotranspiração, o que acaba gerando um tipo de proteção térmica.

No trabalho de mapeamento genético, os pesquisadores observaram que todas as plantas com porte ereto tinham um marcador molecular de DNA específico que os permitiu encontrar a exata localização do gene que controla esse fenótipo do tomateiro.
Com isso, eles utilizaram a ferramenta de edição genética CRISPR-Cas9 para comprovar a função do gene, e a prova de conceito da edição demonstrou exatamente esta função deste gene.
Com isso, os pesquisadores estabeleceram uma base genética sólida para o desenvolvimento de árvores de tomate mais adaptadas a sistemas de cultivo intensivo.
E ainda, o pesquisador Francisco Aragão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) comenta que “esta estratégia pode ser estendida a outras hortaliças, cereais e frutíferas, contribuindo para enfrentar os desafios globais de segurança alimentar, eficiência agrícola e sustentabilidade”.
A importância desta descoberta é que o gene pode ser usado para criar variedades mais resistentes a pragas, aumentar a tolerância ao calor e otimizar a produtividade por área cultivada.
Referências da notícia
Remodeling aboveground tomato plant architecture via CRISPR/Cas9-mediated editing of a single Tiller Angle Control 1–like gene. 06 de junho, 2025. Fernandes, et al.
Cientistas identificam gene associado ao porte ereto das folhas do tomateiro. 23 de setembro, 2025. Paula Rodrigues e Eduardo Pinho.