Pesquisadores reportam nova espécie de Trichoderma com alta eficiência no controle de pragas em tomates

Pesquisadores do INPA, EMBRAPA e UFAM identificaram pela primeira vez no Brasil a espécie Trichoderma rugulosum, que demonstrou ser altamente eficaz no controle da murcha-de-esclerótio em tomates, oferecendo uma alternativa sustentável aos fungicidas químicos na agricultura.

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A espécie Trichoderma tem sido amplamente utilizada no controle biológico de pragas agrícolas. O estudo mais recente identificou Trichoderma rugulosum como uma alternativa altamente eficaz na proteção de tomates contra a murcha-de-esclerótio.

A produção de tomates no Brasil enfrenta uma séria ameaça: o fungo Agroathelia rolfsii, causador da murcha-de-esclerótio, que pode destruir lavouras inteiras. A busca por soluções sustentáveis levou cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), da EMBRAPA e da Universidade Federal do Amazonas a investigarem o potencial do fungo Trichoderma como um agente de biocontrole natural.

O estudo revelou que cepas amazônicas de Trichoderma foram altamente eficazes na supressão da doença em tomates, apresentando um desempenho superior ao de muitos fungicidas químicos.

Além de proteger as plantas, essas cepas também estimulam o crescimento vegetal, tornando-se uma alternativa promissora para a agricultura sustentável. Um destaque importante da pesquisa foi o primeiro relato da espécie Trichoderma rugulosum no Brasil, um achado significativo para o campo da microbiologia agrícola. O mais impressionante é que essa espécie específica mostrou ser uma das mais eficazes no controle da murcha-de-esclerótio, eliminando completamente os sintomas da doença em testes em estufa.

O problema: a praga que devasta tomateiros

A murcha-de-esclerótio é uma das doenças mais destrutivas para o cultivo do tomate. Causada pelo fungo Agroathelia rolfsii, ela se espalha pelo solo e ataca as plantas pela base, levando à podridão dos caules e à murcha total da planta. Uma vez instalada na lavoura, a doença é difícil de ser erradicada, já que os esclerótios do fungo podem sobreviver por anos no solo.

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Após se estabelecer na lavoura, a erradicação da doença se torna um grande desafio, pois os esclerótios do fungo podem permanecer viáveis no solo por muitos anos.

Os métodos tradicionais de controle incluem a aplicação de fungicidas e a rotação de culturas, mas nem sempre são eficazes. Os fungicidas podem deixar resíduos no solo e na água, prejudicando o meio ambiente e a saúde humana. Por isso, a ciência tem investido em estratégias mais sustentáveis para combater esse problema.

A descoberta: Trichoderma rugulosum como protagonista do biocontrole

Os pesquisadores analisaram 33 cepas de Trichoderma isoladas na Amazônia e descobriram que cinco delas foram altamente eficazes no combate à murcha-de-esclerótio. Essas cepas atuam de diferentes formas: competindo por espaço e nutrientes com o fungo invasor, produzindo enzimas que degradam suas estruturas e estimulando o sistema de defesa das plantas.

O grande destaque foi a espécie Trichoderma rugulosum, que conseguiu eliminar completamente os sintomas da doença em tomateiros tratados nos testes em estufa.

Esse achado não apenas amplia o conhecimento sobre a biodiversidade microbiana no Brasil, mas também demonstra que essa espécie pode ser uma ferramenta poderosa para o biocontrole de doenças agrícolas, oferecendo uma alternativa viável e eficaz aos produtos químicos.

O futuro: agricultura sustentável com biocontrole

O uso de Trichoderma na agricultura não se limita ao tomate. Estudos indicam que esse fungo também pode ajudar a proteger outras culturas, como soja, milho e feijão, contra diversas doenças fúngicas. Sua capacidade de melhorar a saúde do solo e promover o crescimento vegetal torna-o um aliado valioso para agricultores que buscam soluções sustentáveis.

Com essa nova descoberta, o Brasil dá um passo importante rumo a uma agricultura mais ecológica e produtiva. O próximo desafio é viabilizar a produção comercial dessa espécie e tornar o biocontrole uma alternativa acessível para pequenos e grandes produtores. Os avanços dessa pesquisa abrem portas para um futuro onde a ciência e a natureza trabalham juntas para garantir segurança alimentar e conservação ambiental.

Referência da notícia

Amazonian Trichoderma strains in controlling southern blight caused by Agroathelia rolfsii in tomatoes and new record of Trichoderma rugulosum from Brazil. 14 de fevereiro, 2025. Cunha, A.N., Coelho-Netto, R.A., Willerding, A.L. et al.