Pesquisadores encontram microplásticos em praia do extremo norte do Brasil e alertam para fauna local
Um projeto nacional identificou contaminação por microplásticos até no extremo norte do Brasil: na Praia do Goiabal, estado do Amapá, o que acende um alerta para os riscos à fauna da região.

Que a poluição por microplásticos é um dos principais problemas ambientais da atualidade, isso todos nós já sabemos. A fragmentação de resíduos plásticos em partículas minúsculas contaminam os oceanos, rios e solos, afetando a vida marinha e a saúde humana.
E vários estudos mostraram que a poluição por microplásticos já atinge lugares remotos, como o Ártico, a Antártica e o topo do Monte Everest, por meio do transporte atmosférico e das correntes oceânicas.
E um projeto pioneiro desenvolvido pelo Instituto Federal Goiano (IF Goiano), com apoio da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), identificou contaminação por microplásticos até no extremo norte do Brasil, mais especificamente na Praia do Goiabal, no estado do Amapá. Veja abaixo mais detalhes do estudo.
Microplásticos chegam ao extremo norte brasileiro
Os pesquisadores percorreram 18 km da faixa costeira da Praia do Goiabal, município de Calçoene, no litoral do Amapá, coletando 40 amostras da areia. O trabalho faz parte do Projeto MicroMar.
De acordo com as análises, mais de 70% dos fragmentos encontrados nas amostras eram de isopor, que se quebra com facilidade e se espalha rapidamente pelas águas, levado pelo vento e pelas correntes marítimas.
Mas também foram achados pedaços de poliestireno (usado em utensílios domésticos), polietileno e polipropileno — tipos de plástico presentes em sacolas, tampas, cordas e redes de pesca.
Segundo os especialistas, a poluição na praia não vem só de áreas urbanas ou industriais, mas também do descarte incorreto de lixo por turistas e pescadores da região. Faltam meios de educação ambiental entre os visitantes, que poderiam incentivar o descarte correto de resíduos e a proteção da praia.

E a poluição por microplásticos têm um impacto direto na fauna local, é claro.
"O impacto começa quando esse material chega nesse ambiente e ali ele vai sofrendo desgaste por diferentes fatores: temperatura, correnteza, atrito com substrato. Os animais que habitam nesse tipo de ambiente vão acabar ingerindo acidentalmente esse material. Eles se sentem atraídos, a cor desses microplásticos é como uma presa para eles”, disse Neuciane Dias Barbosa, professora na Ueap e coordenadora do projeto MicroMar no estado.
O projeto MicroMar
O projeto, liderado pelo IF Goiano, é um dos maiores trabalhos já feitos sobre a poluição por microplásticos no Brasil. Foram coletadas mais de 4 mil amostras de areia entre os anos de 2022 e 2023. Estas amostras contemplam 1.024 praias, em 211 municípios de todos os 17 estados costeiros do país.
E os resultados mostraram que mais de dois terços (69,3%) das praias analisadas estão contaminadas por microplásticos, incluindo a Praia do Goiabal.
Referências da notícia
Pesquisadores encontram microplásticos na praia do Goiabal, no litoral do Amapá. 14 de outubro, 2025. Mariana Ferreira.
Microplastic pollution across the Brazilian coastline: Evidence from the MICROMar project, the largest coastal survey in the Global South. 24 de setembro, 2025. Marinho da Luz, et al.