Nuvem de joaninhas confunde meteorologistas na Califórnia

Uma curiosa mancha detectada pelo radar do Serviço Meteorológico Americano deixou os meteorologistas confusos na última terça-feira. A macha que parecia ser chuva na verdade era uma “nuvem” de joaninhas! Mas por que será que o radar detectou uma “nuvem” de joaninhas?

Na terça-feira (04/06) uma estranha mancha surgiu nas imagens do radar SoCal do Sistema Meteorológico Americano (NWS, sigla em inglês), sobre o condado de San Bernardino, sul da Califórnia, deixando os meteorologistas confusos. A princípio parecia ser uma área de chuva moderada, porém, os meteorologistas verificaram que não havia nenhuma nuvem na região naquele momento e descobriram que aquela mancha se tratava de uma “nuvem” de joaninhas!

O meteorologista Joe Dandrea, numa entrevista para Los Angeles Times, disse que ao observar essa imagem ligou para um observador da região que disse que havia vários pontinhos voando no céu. Mais tarde eles verificaram que esses pontinhos se tratava de um enxame de joaninhas, que voavam entre 1523 a 2744 metros de altura.

Pela imagem do radar, a “nuvem” aparentava ter um diâmetro de 130 quilômetros, mas na verdade a maior parte dos insetos estavam concentrados numa área de 16 quilômetros de diâmetro e não formavam uma nuvem realmente, já que os insetos estavam voando de forma espalhada pelo céu.

A Califórnia é lar de diversos tipos diferentes de joaninhas, cerca de 200 espécies, que costumam migrar ao longo do ano. No início da primavera, quando as temperaturas chegam aos 18°C, as joaninhas adultas se acasalam e migram de Sierra Nevada para os vales, para se alimentar e botar ovos. Durante o início do verão, elas migram para altitudes mais elevadas, de acordo com o programa IPM, da Universidade da Califórnia.

Por que o radar observou essa “nuvem” de joaninhas?

O radar – do inglês, RAdio Detection And Ranging – é um instrumento capaz de detectar objetos através dos ecos de rádio e determinar a sua direção, alcance e reconhecer suas características. Ele foi introduzido na meteorologia na década de 1940, quando foi descoberto que as nuvens de chuva produziam ecos de ondas de rádio.

Seu princípio de funcionamento é análogo ao sistema de navegação de um morcego, que emite sons de alta frequência que ao serem interceptados por algum obstáculo retornam ao ouvido do morcego. Quanto mais rápido o som retornar, mais perto está o objeto, quando mais demorado o retorno, mais longe está o objeto. Assim, o morcego consegue avaliar a distância e posição do obstáculo.

No caso dos radares meteorológicos, ao invés do som, são emitidas ondas eletromagnéticas. Essas ondas ao passarem por uma nuvem causam em cada gota uma ressonância na frequência da onda incidente, fazendo com que cada gota emita ondas eletromagnéticas em todas as direções. Parte dessas ondas emitidas pelas gotas voltam para o radar que, através das informações de tempo de retorno e intensidade do sinal, consegue definir a distância da nuvem, o tamanho e a distribuição das gotas da nuvem.

O radar meteorológico emite ondas de frequência específica para interagir com os hidrometeoros, que são as gotículas das nuvens, gotas de chuva e granizo. Porém, outros objetos de tamanhos parecidos ou maiores que os hidrometeoros também podem interagir com essas ondas e refleti-las de volta para o radar. Quando esses objetos aparecem de forma isolada no sinal, eles são interpretados como ruídos e descartados das análises feitas pelos meteorologistas, mas quando estão em grande concentração, como o caso do enxame de joaninhas, podem ser confundidos com um sistema meteorológico.