Objeto de fora do Sistema Solar passará perto da Terra esse ano! O que é esse objeto?
NASA e ESA divulgaram a descoberta de um objeto que veio de fora do Sistema Solar e poderá ser estudado de perto por telescópios.

É comum observar objetos como asteroides e cometas que se aproximam da Terra e muitas vezes é visível até a olho nu. Muitas vezes, esses objetos têm origem no Cinturão de Kuiper ou na Nuvem de Oort, que são duas regiões periféricas do Sistema Solar. Essas regiões possuem objetos que são remanescentes da formação planetária. Astrônomos têm interesse em estudar esses objetos porque dão informações sobre a origem do Sistema Solar.
Em 2017 e 2019, foram registrados dois objetos que vieram de fora do Sistema Solar. O primeiro foi o ʻOumuamua, detectado em outubro de 2017. Ele não apresentava cauda típica de cometas e seu formato alongado chamou atenção dos astrônomos. Já o segundo, o cometa 2I/Borisov, foi observado em 2019 e apresentou características comuns de cometas, mas que sua órbita mostrou que tinha origem fora do Sistema Solar.
Recentemente, a NASA e a ESA anunciaram a detecção do objeto 3I/ATLAS após observações do telescópio ATLAS. Após analisar os dados obtidos pelo telescópio, os astrônomos perceberam que se tratava de um objeto interestelar. Os dados preliminares indicam que ele passará relativamente perto da Terra, entre a órbita da Terra e Marte, nos próximos meses, mas não há risco de colisão. Esse é o terceiro objeto interestelar registrado até hoje.
Cometas
Cometas são objetos astronômicos compostos principalmente por gelo, poeira e rochas. A característica mais marcante desses objetos é a cauda que se forma quando se aproximam do Sol. Isso acontece porque o calor faz com que parte da sua composição sublime. Pode acontecer de duas caudas se formarem sempre em direção oposta ao Sol, devido à pressão da radiação solar e ao vento solar.
A maioria dos cometas se origina em regiões distantes do Sistema Solar, como o Cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort. A Nuvem de Oort é uma esfera hipotética que estaria localizada a cerca de 100 mil vezes a distância do Sol e Terra. A passagem de estrelas próximas ou interações com os planetas gigantes podem causar perturbações e lançá-los para o interior do Sistema Solar, onde podem ser observados da Terra.
3I/ATLAS
Essa semana, a NASA e a ESA anunciaram a descoberta do terceiro objeto interestelar já observado, o cometa 3I/ATLAS. O cometa foi detectado inicialmente em 1º de julho pelo telescópio ATLAS, localizado em Río Hurtado, no Chile. Sua trajetória incomum para objetos do Sistema Solar trouxe a suposição que seria de origem interestelar. Nos dias seguintes, o status de objeto interestelar foi confirmado por astrônomos.

Em 3 de julho, o cometa estava localizado a cerca de 670 milhões de km do Sol e se movendo a cerca de 60 km/s no momento. A estimativa é que ele deve fazer sua aproximação máxima no final de outubro deste ano entre a órbita da Terra e Marte. Análises iniciais indicaram que ele tenha até 20 km de diâmetro e apesar do tamanho, ele não apresenta risco para a Terra. Ele deve ficar a uma distância de 240 milhões de quilômetros, que é mais de 1,5 vez a distância entre a Terra e o Sol.
Visitantes passados
O 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já observado até hoje. Antes dele, o Sistema Solar já teve dois visitantes interestelares. O primeiro foi o objeto 1I/ʻOumuamua, detectado em outubro de 2017 pelo telescópio Pan-STARRS. Por causa da sua órbita hiperbólica, astrônomos concluíram que ele não estava ligado gravitacionalmente ao Sol. Sua velocidade e ângulo de entrada no Sistema Solar confirmaram a origem interestelar.
O segundo visitante foi o cometa 2I/Borisov, descoberto em agosto de 2019. Quando se aproximou do Sol, o cometa teve uma causa como o esperado e observações mostraram que sua composição química era semelhante à de cometas do nosso próprio Sistema Solar. Isso contribuiu para que astrônomos entendessem como é o processo de formação planetária fora do Sistema Solar.
Por que eles são importantes?
Até setembro, o cometa 3I/ATLAS será visível por telescópios terrestres e até mesmo pelo James Webb. A ideia é que seja possível extrair o máximo de informação sobre o cometa para conseguir estudar as propriedades de objetos fora do Sistema Solar. Após setembro, o cometa ficará muito próximo do Sol e será ofuscado pela estrela, ele só poderá ser observado novamente em dezembro quando estará deixando o Sistema Solar.
Estudar objetos interestelares como 3I/ATLAS é importante para compreender como é a diversidade de composição dos objetos na Via Láctea. Como os cometas são, geralmente, remanescentes de formação planetária, ele pode fornecer pistas sobre como são esses processos fora do Sistema Solar. Além disso, observar diretamente esses visitantes permite estudar a composição e a dinâmica de materiais interestelares.