Santa Catarina proíbe árvore tóxica para abelhas e aplica multa de R$ 1 mil por plantio

A luta contra espécies invasoras ganhou um novo capítulo em Santa Catarina, onde o plantio da espatódea agora rende multa por seu potencial tóxico aos polinizadores nativos.

Campanha ambiental em SC alerta sobre os perigos da espatódea
Campanha ambiental em SC alerta sobre os perigos da espatódea. Foto: IMA/ G1

A espécie africana Spathodea campanulata, mais conhecida como espatódea, voltou ao centro das discussões ambientais em Santa Catarina. Apesar de sua aparência vistosa e flores alaranjadas, a planta representa uma ameaça direta às abelhas nativas, à biodiversidade e ao equilíbrio dos ecossistemas locais. Desde 2019, o plantio e a produção de mudas da árvore são proibidos por lei estadual, com penalidades que incluem multa de até R$ 1 mil por exemplar.

Com altura que pode ultrapassar os 25 metros, a espatódea já foi utilizada na arborização urbana de várias cidades brasileiras. No entanto, estudos recentes mostraram que a flor contém toxinas letais presentes no néctar, no pólen e na mucilagem, substâncias capazes de matar diversas espécies de abelhas — inclusive a Apis mellifera, introduzida no Brasil por sua alta capacidade de produção de mel.

Flor ameaça abelhas e o equilíbrio ambiental

As abelhas sem ferrão, típicas do território nacional, estão entre as mais afetadas. A exposição contínua à planta pode causar não só mortes em massa, mas também afetar a polinização, comprometendo a reprodução de outras plantas e, por consequência, afetando a cadeia alimentar.

Com suas flores vistosas, a espatódea engana à primeira vista.
Com suas flores vistosas, a espatódea engana à primeira vista. Foto: IMA/ G1

Especialistas alertam que o impacto pode ser devastador. “A planta parece inofensiva, mas sua ação é letal para os polinizadores. Estamos falando de uma ameaça real à manutenção da biodiversidade”, afirmou um dos técnicos do Instituto do Meio Ambiente (IMA), que lidera ações educativas sobre o tema.

Campanha de conscientização e lei em vigor

Com o objetivo de conter o avanço da espécie e informar a população, o IMA lançou a campanha “Flora Exótica Tóxica para Fauna – espatódea”, que utiliza redes sociais e canais oficiais para ampliar o alcance das informações. A iniciativa reforça os riscos ambientais e orienta sobre a substituição por espécies nativas.

De acordo com a Lei Estadual n.º 17.694/2019, estão em vigor as seguintes determinações:

  • Proibida a produção de mudas da árvore;
  • Vedado o plantio de novos exemplares;
  • Árvores já plantadas devem ser removidas;
  • Obrigatória a substituição por espécies nativas em áreas públicas;
  • O descumprimento implica em multa de R$ 1 mil por planta ou muda produzida, podendo dobrar em caso de reincidência.

Além disso, o plantio em locais públicos, especialmente em áreas urbanas, deve obedecer ao critério de usar somente árvores adaptadas ao bioma regional, o que ajuda a evitar desequilíbrios ecológicos e protege a fauna polinizadora.

Alternativas nativas para preservação

O Instituto do Meio Ambiente recomenda que, sempre que necessário, a substituição da espatódea seja feita por espécies nativas regionais, adaptadas ao solo e ao clima catarinense. Isso garante não só uma paisagem segura, mas também o suporte necessário para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, como a polinização natural.

A proibição é uma das medidas adotadas pelo estado de Santa Catarina para frear a disseminação de espécies exóticas invasoras, reconhecidamente responsáveis por impactos severos nos ambientes naturais. A iniciativa serve como exemplo de política pública alinhada à conservação da biodiversidade e pode inspirar outras regiões do país a adotar estratégias semelhantes.

Referências da notícia

Árvore com flor 'assassina' de abelhas é proibida para plantio em SC. 16 de outubro, 2025.