Energias renováveis: metas climáticas e desenvolvimento sustentável

Estudo internacional usa uma abordagem de sistemas de inovação para construir um roteiro abrangente para a energia solar e eólica, unindo metas climáticas e de desenvolvimento sustentável.

Roteiro para energia renovável une metas climáticas e sustentáveis
Uma transição energética global de combustíveis fósseis para energia renovável pode mitigar as mudanças climáticas, mas também implica em consequências ambientais.

A pressão em mitigar as mudanças climáticas traz o senso de urgência em desenvolver energia renovável. Uma transição justa para mitigar as alterações do clima requer uma difusão rápida e global de energia renovável, mas de uma maneira que evite impactos adversos sobre o meio ambiente, ao mesmo tempo que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) possam ser alcançados.

Um estudo publicado na revista Frontiers in Sustainability da University of California e da John Hopkins University, visa ajudar os tomadores de decisão a evitar as consequências ambientais indesejadas do desenvolvimento de energias renováveis, que nem sempre são sustentáveis.

Devido ao grande desalinhamento entre as ODS e os objetivos climáticos, o estudo construiu um roteiro abrangente para energia solar e eólica para unir as metas de um futuro de baixo carbono com o de sustentabilidade ecológica e conservação.

Um exemplo desse desalinhamento pode ser observado com a ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis), que concentra-se principalmente na minimização de resíduos, uso sustentável de recursos naturais e reciclagem. Porém, o lixo eletrônico solar é apontado pela ONU como um dos maiores contribuintes potenciais para o crescimento do lixo eletrônico global, que já são 50 milhões de toneladas métricas por ano.

Mitigar as mudanças climáticas requer uma difusão rápida e global de energia renovável, de forma que atinja as metas climáticas e os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU mutuamente.

Até o momento, a maioria dos painéis solares está instalada e em operação, portanto, ainda não atingiu o fim de sua vida útil, ressaltando uma necessidade iminente. Pois, só os resíduos fotovoltaicos globais têm o potencial de atingir 78 milhões de toneladas até 2050.

Para desenvolver o roteiro, os autores fizeram uma abordagem multidisciplinar, avaliaram os investimentos públicos e privados em energia renovável e analisaram as compensações e sinergias da energia limpa.

Também identificaram temas de pesquisa extraídos de um workshop de dois dias com 58 especialistas renomados nas áreas de energia renovável e sustentabilidade da academia, indústria e setores governamentais.

Futuro renovável e ambientalmente sustentável

Entre as principais prioridades de pesquisa identificadas para desenvolvimento de energia solar e eólica sustentáveis, incluem a seleção do local e a compreensão das interações com a vida selvagem.

A infraestrutura de energia solar pode servir como uma barreira ao movimento de espécies. A integração da infraestrutura de parques eólicos em estratos verticais pode levar a ferimentos ou mortalidade para espécies de aves por colisões diretas e consequências indiretas, como por exemplo perda de habitat.

Outras considerações e prioridades chave que os cientistas identificaram foram a aceitação pública de projetos de energia limpa e o estudo da gestão do fim da vida útil para energia eólica e solar. Os compostos das pás eólicas não são recicláveis e os painéis solares contribuem para um problema crescente de lixo eletrônico.

Há uma necessidade crescente de compreender e se envolver com todas as modalidades de aceitação pública. Desenvolver ferramentas ideais para realizar a democracia energética, além da comunicação de riscos para residentes e outras partes interessadas.

Segundo a co-autora Sarah Jordaan, as energias renováveis podem ser sustentáveis se pensarmos de forma proativa. É preciso pesquisar coisas que não sabemos, implementar soluções que conhecemos e desenvolver tecnologia conforme necessário e garantir a responsabilidade.

Reforçar sinergias e minimizar incompatibilidades de energia solar e eólica, requer uma abordagem sistemática que reconheça o enorme potencial dessas tecnologias para benefícios climáticos e econômicos, ao mesmo tempo que reconhece os riscos ambientais.