Prefeitura de Blumenau instala "armadilhas" e capta comportamento de animais silvestres em áreas urbanas
Cutias, teiús, capivaras e até um cachorro-do-mato foram flagrados por câmeras escondidas em mata de Blumenau, mostrando que a biodiversidade resiste entre ruas e construções.

No coração verde de Blumenau, um experimento silencioso começa a revelar a presença de espécies que há muito compartilham o espaço com os moradores da cidade. Imagens obtidas por câmeras especiais instaladas em áreas verdes do bairro Garcia mostram animais em momentos de rotina, longe da interferência humana.
Essa tecnologia é parte de um projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), cujo foco é identificar a fauna que circula em fragmentos florestais urbanos. A ação, batizada de Fauna Atropelada e Eletrocutada, marca um passo importante para entender como os animais se adaptam a áreas próximas à urbanização.
Fauna registrada: diversidade silenciosa nos arredores da cidade
As câmeras, estrategicamente posicionadas no início de outubro, registraram mais de 30 aparições de animais silvestres. Os flagrantes incluem mamíferos como o cachorro-do-mato, a cutia, o mão-pelada e a capivara, além do teiú, um réptil comum na região. Entre as aves, destacam-se a saracura-do-mato e o pariri.

Embora não tenham sido identificadas espécies ameaçadas, o monitoramento comprova que esses espaços ainda servem como refúgio e rota de deslocamento para diversas espécies. Segundo Robson Tomasoni, secretário da Semmas: “Esses primeiros registros indicam que mesmo os fragmentos urbanos ainda exercem papel importante como refúgio e rota de deslocamento da fauna.”

Esse diagnóstico inicial é essencial para compreender como essas áreas contribuem para a manutenção da biodiversidade no município. Além disso, os dados obtidos vão orientar futuras estratégias de conservação ambiental.
Tecnologia aliada à preservação
O equipamento utilizado no projeto é conhecido como armadilha fotográfica. Diferente das câmeras tradicionais, ele conta com sensores de movimento e calor, capazes de detectar a aproximação de animais, disparando fotos ou vídeos de forma automática. A instalação é feita de forma discreta, geralmente em troncos de árvores, sem causar estresse aos bichos monitorados.
A iniciativa pretende gerar relatórios anuais, que serão divulgados à população e servirão de base para políticas públicas mais eficazes. A ideia é expandir o estudo para outros bairros da cidade. O próximo a receber os equipamentos será o Ponta Aguda, em continuidade ao cronograma estabelecido.
Próximos passos e importância do mapeamento
Ao ampliar a coleta de dados em áreas com fragmentos florestais, a Semmas busca criar um mapeamento detalhado da presença de fauna silvestre no município. Com isso, será possível reduzir atropelamentos, prevenir conflitos com áreas residenciais e promover uma convivência mais equilibrada entre natureza e cidade.
A presença de animais em meio ao ambiente urbano é um sinal claro de que ainda há condições para conservar parte do ecossistema original. E entender como essas espécies se comportam, mesmo diante da crescente urbanização, é essencial para manter esse equilíbrio.