Planeta no limite: recordes de temperatura no mar e na terra acendem novo alerta

Assim como o inverno começou recentemente no Hemisfério Sul, o verão teve início no Hemisfério Norte e já vem dando o que falar devido as altas temperaturas registradas. Aliás, pela primeira vez durante o verão, as temperaturas médias do ar na superfície global ultrapassaram o limiar de 1,5°C.

O calorão foi registrado justamente em um período em que enviados internacionais estavam reunidos em Bonn no início do mês de junho segundo informações do Copernicus Climate Change Service (C3S), que é financiado pela União Europeia, para começarem as tratativas climáticas anuais deste ano.

Na primeira metade do ano de 2023, as temperaturas do mar também foram alvos de recordes globais, o que aconteceu nos meses de abril e maio consecutivamente. Com os novos recordes de temperaturas, especialistas relatam que o planeta está chegando no seu limite, pois está cada vez mais difícil manter a meta do aquecimento global de longo prazo dentro do 1,5°C estipulado.

Recordes de temperatura

No final de março as temperaturas médias globais da superfície do mar atingiram um patamar muito elevado, chegaram a 21°C e depois permaneceram em níveis recordes em abril e maio. Esse recorde foi batido em uma época considerada atípica e isso pode piorar, pois segundo alertas da Agência Meteorológica da Austrália, as temperaturas podem ficar cerca de 3°C acima da média em outubro deste ano.

O professor de física climática Piers Forster, da Universidade de Leeds, disse que o aquecimento global é o fator número um para o planeta estar chegando no limite, porém, o fenômeno El Niño, assim como a poeira do Saara soprando sobre o oceano e o uso de combustíveis com baixo teor de enxofre, também podem ser culpados pelos novos recordes. Segundo o físico, os oceanos estão sendo atingidos por um golpe quádruplo, sendo um sinal do que está por vir.

Mas afinal, por que os estudiosos do assunto ficam tão preocupados com esse aquecimento dos oceano? A preocupação vem do fato que mares mais aquecidos podem gerar menos vento e chuva, o que criaria um círculo vicioso gerando ainda mais calor. Por exemplo, milhares de peixes mortos chegaram às praias do Texas, assim como a morte de leões-marinhos e golfinhos na Califórnia foi induzida pela proliferação de algas por conta do calor nos oceanos.

Eventos climáticos extremos

As altas temperaturas registradas dependeram de uma combinação de N fatores, algo que pode não se repetir nos próximos meses ou pode ser ainda pior e desastroso para o planeta visto que os impactos ambientais e ecológicos podem durar muito tempo, ou seja, um impacto negativo que podemos sentir lá na frente.

Eventos climáticos extremos já estão se tornando mais freqüentes e mais intensos com relação há centenas de anos atrás, e isso pode piorar de agora em diante. Segundo especialistas, somente neste ano já houve eventos de secas extremas em diversos locais mundo, já houve o registro de um ciclone raro e mortal na África, há foram registrados diversos recordes de temperaturas neste mês de junho na China, assim como nos Estados Unidos em que as ondas de calor extremas começaram.

O último mês foi considerado um dos mais quentes com temperaturas de 10°C acima da média para um mês de junho em partes da América do Norte. Como se não bastasse o calor intenso, tudo piora com a chegada da fumaça dos incêndios florestais que estão sendo registrados no Canadá. A névoa escura é considerada extremamente perigosa devido as emissões de carbono estimadas em 160 milhões de toneladas métricas.

Eventos extremos de calor também foram registrados e deixaram mortos na Índia, considerado um dos locais mais vulneráveis do planeta. No ano passado, uma terrível onda de calor deixou muitos mortos em países como Espanha, Irã e Vietnã, o que pode se repetir neste ano com as altas temperaturas já sendo registradas.

O que fazer para evitar o limite? A tentativa existe desde 2015 quando vários países concordaram em manter os aumentos médios de temperatura do planeta dentro de 1,5°C, isso a longo prazo, mas isso não tem sido possível com os níveis já alcançados. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) previu recentemente que há em torno de 66% de chance de que a média de temperatura do planeta anual ultrapasse o limite de 1,5°C até o ano de 2027.