Ovnis são atraídos por água e atividade nuclear, afirma ex-oficial do Pentágono

Luis Elizondo, que chefiou o AATIP, revela em novo livro que fenômenos aéreos não identificados tendem a surgir próximos a reatores nucleares e grandes corpos d’água.

Em abril de 2023, o Pentágono divulgou vídeos que mostram OVNIs se movendo rapidamente enquanto eram gravados por câmeras com sistema infravermelho • Academia de Artes e Ciências To The Stars
Em abril de 2023, o Pentágono divulgou vídeos que mostram OVNIs se movendo rapidamente enquanto eram gravados por câmeras com sistema infravermelho - Crédito: Academia de Artes e Ciências To The Stars

O ex-oficial do Pentágono Luis Elizondo, que liderou o Programa de Identificação de Ameaças Aeroespaciais Avançadas (AATIP), revelou em seu novo livro uma teoria inusitada: segundo ele, objetos voadores não identificados — agora oficialmente chamados de fenômenos anômalos não identificados (UAPs, na sigla em inglês) — tendem a aparecer com maior frequência em locais próximos à atividade nuclear e a grandes volumes de água.

Em “Iminente — Os bastidores da caçada do Pentágono a Ovnis”, Elizondo afirma que essa correlação foi uma das primeiras observadas por sua equipe durante o tempo em que esteve à frente do programa. Segundo ele, essa coincidência recorrente despertou o interesse do governo dos EUA, motivando investigações mais profundas sobre os UAPs.

“É como waffles e xarope de bordo: onde tem um, geralmente está o outro”, escreve Elizondo em trecho do livro. Ele menciona casos emblemáticos, como avistamentos em minas do Congo e perto de embarcações nucleares, onde a presença simultânea de tecnologia atômica e água parece ter funcionado como um chamariz para os objetos misteriosos.

Avistamentos em áreas de catástrofes nucleares

O autor vai além e cita episódios históricos como Chernobyl, Three Mile Island e Fukushima, locais que registraram aparições de UAPs após seus respectivos acidentes nucleares. “Sempre que um reator nuclear derreteu ou uma catástrofe ocorreu, testemunhas relataram avistamentos de UAPs nos arredores dias ou até meses depois”, afirma Elizondo.

Objetos não identificados monitorados pela Nasa no espaço. Veja galeria com algumas imagens que seriam de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs), que são alvos de estudos para comprovar, ou não, se seriam de origem extraterrestre. • CNN
Objetos não identificados monitorados pela Nasa no espaço. Veja galeria com algumas imagens que seriam de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs), que são alvos de estudos para comprovar, ou não, se seriam de origem extraterrestre. Crédito: CNN

Ao longo da obra, ele desenvolve, com apoio de especialistas, uma teoria para explicar essa atração. Segundo o engenheiro Harold “Hal” Puthoff, uma figura proeminente nos serviços de inteligência norte-americanos, os objetos poderiam estar extraindo energia diretamente da água. Mais precisamente, estariam realizando uma fissão nos prótons de hidrogênio da molécula de H₂O, o que forneceria a energia necessária para seus deslocamentos, mesmo sem sistemas de propulsão visíveis.

Essa hipótese, se comprovada, explicaria tanto a ausência de mecanismos tradicionais nos UAPs quanto a escolha de locais estratégicos — como usinas nucleares situadas próximas a grandes lagos ou oceanos — para suas aparições.

Projeto secreto tentou atrair UAPs com “armadilha nuclear”

Ainda segundo o livro, o AATIP chegou a planejar uma ousada operação para atrair e capturar UAPs, utilizando como isca um comboio militar de alta carga energética. Nomeada Operação Intruso, a estratégia consistia em concentrar diversos equipamentos nucleares — como porta-aviões, submarinos e mísseis com ogivas — em um ponto específico da costa leste dos Estados Unidos.

ÓVNI avistado no Novo México, EUA. Para muitos, um balão meteorológico • Bettmann/Colaborador/Getty Images (3.dez.1967)
ÓVNI avistado no Novo México, EUA. Para muitos, um balão meteorológico. Crédito: Bettmann/Colaborador/Getty Images

“A ideia era criar uma pegada nuclear gigantesca e irresistível para ‘nossos amigos de fora da cidade’”, relata Elizondo. Dispositivos secretos de coleta de dados seriam instalados ao redor da frota, com o objetivo de registrar e estudar qualquer manifestação anômala. O plano, no entanto, nunca chegou a ser executado, segundo ele, devido à complexidade logística e às implicações diplomáticas.

Publicado no Brasil pela editora Harper Collins em abril, “Iminente” detalha a trajetória de Elizondo no comando do AATIP e os bastidores das investigações sobre os UAPs. O livro também aborda as resistências internas enfrentadas por sua equipe, tanto de setores religiosos quanto de empresas aeroespaciais que viam o tema com ceticismo ou receio de exposição pública.

Uma nova fase na discussão sobre fenômenos aéreos

A obra de Elizondo surge em um momento em que o debate sobre UAPs tem ganhado força nos Estados Unidos. Congressistas, cientistas e a população pressionam por maior transparência em torno de informações mantidas em sigilo por décadas. Nesse contexto, o testemunho de ex-oficiais como Elizondo ganha relevância, ao oferecer uma visão interna dos esforços de investigação e da complexidade que envolve o tema.

Ao relacionar os fenômenos a recursos específicos do planeta, como a água e a energia nuclear, Elizondo propõe uma nova abordagem para compreender os objetivos e o funcionamento desses objetos misteriosos. Ainda que sem provas definitivas, seu relato levanta importantes questões para futuras investigações científicas e estratégicas.

Referências da notícia

CNN. Água e atividade nuclear costumam atrair Ovnis, diz ex-oficial do Pentágono. 2025