Projeto provoca indignação nos Estados Unidos: matar meio milhão de corujas, por uma “boa causa”!
Esses dois primos estão em desacordo nos Estados Unidos: a coruja-barrada e a coruja-pintada. Uma conquistou o território da outra e o projeto polêmico quer restabelecer o equilíbrio matando 500 mil corujas-barradas.
Matar para preservar! Esse é o mantra "surpreendente" de um projeto do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA (USFWS) que planeja eliminar quase meio milhão de corujas-barradas (Strix varia) usando espingardas.
O objetivo é preservar as primas da espécie, as corujas-pintadas ( Strix occidentalis caurina), ameaçadas pela invasão das corujas-barradas. Um projeto que indigna, com razão, as associações.
Preocupação com o desmatamento
É quase impossível distingui-las a olho nu: tanto a coruja-pintada quanto a coruja-barrada têm pelagem marrom e branca e rosto pálido. A diferença é mínima. No passado, apenas a sua localização permitia saber qual era qual: a coruja-pintada só vivia no leste dos Estados Unidos, a coruja-barrada apenas nas florestas do oeste americano.
The spotted owl's habitat old-growth forests has become "very patchy" due to deforestation
— Gray Montrose (@montroseVA) April 8, 2024
Murder new species, dont fix habitat loss for the old = they become extinct anyway
U.S. proposes killing barred owls to save northern spotted owls : NPR https://t.co/v4wb8IBK46
Tudo mudou quando, graças ao seu maior tamanho e maior taxa de reprodução, além de certa agressividade e exigências menos rígidas de alimentação e espaço de moradia, a coruja-barrada conquistou o território de sua prima pintada. A coruja-pintada não foi páreo para a coruja-barrada, cuja população já diminuiu 75% em 20 anos, e atualmente perde 5% a mais anualmente!
Porquê esta súbita invasão e mudança de território? Simplesmente por causa do desmatamento. Na década de 1990, a coruja-pintada foi colocada na lista de espécies ameaçadas de extinção devido a este flagelo provocado pelo homem.
O desmatamento levou as corujas que vivem nas florestas a escolher um território diferente do seu original. São as nossas atividades que estão alterando os habitats das espécies e causando o desaparecimento de algumas delas.
Um plano "imprudente"
Por esta razão, o USFWS, uma agência governamental legalmente obrigada a proteger a coruja-pintada, optou por uma solução radical para este desequilíbrio da fauna: matar 470.000 corujas-barradas com espingardas durante um período de 30 anos, para impedir seu desenvolvimento e domínio, e assim preservar a coruja-pintada.
Letters to the Editor: Killing one owl to save the spotted owl: 'I mean, how silly is this conversation?' (via @latimesopinion ) https://t.co/GdHUeXMisp
— L.A. Times Opinion (@latimesopinion) April 8, 2024
Naturalmente, desde que o projeto foi anunciado em novembro de 2023, as associações de proteção animal levantaram a voz. Cerca de 75 organizações assinaram uma carta se opondo ao projeto, chamando-o de plano “imprudente” e propondo uma solução alternativa: ações não letais para proteger os habitats das corujas-pintadas.
Embora algumas associações reconheçam a necessidade do projeto, todas concordam que pretendem também estabelecer planos de resguarda para proteger florestas antigas, a fim de evitar que outras espécies migrem e desestabilizem o ecossistema.
De qualquer forma, será necessário um plano muito mais ambicioso do que esta caça à coruja-barrada para preservar a coruja-pintada, que está condenada à extinção. Sem falar que este polêmico projeto tem poucas chances de sucesso, segundo as associações que se opõem a ele.