O Ártico está aquecendo a uma taxa maior do que o resto do planeta

Novos estudos destacam a rapidez com que o sistema do Ártico mudou nos últimos 43 anos, e está mudando muito mais rápido, afetando a biodiversidade, em que a sobrevivência de muitas populações de ursos polares pode estar em risco diante do aquecimento da região ártica.

Recentemente, tem-se visto as diversas consequências das mudanças climáticas ao redor do mundo, como na Europa, Estados Unidos e no Brasil. Estes fenômenos impactam diretamente no ecossistema e consequentemente na fauna e flora do planeta.

Nas últimas décadas, o aquecimento no Ártico tem sido muito mais rápido do que no resto do mundo, um fenômeno conhecido como amplificação do Ártico. Numerosos estudos relatam que o Ártico está aquecendo, em média, duas vezes ou três vezes mais rápido que o globo.

Embora a amplificação do Ártico seja impulsionada, em parte, por variações naturais de longo prazo, os cientistas afirmam que é muito acentuada pelo aquecimento global causado pelo homem.

O evento, chamado de amplificação do Ártico, é causado pelas emissões de retenção de calor da queima de combustíveis fósseis . Pesquisadores do Instituto Meteorológico Finlandês, afirmam que desde 1979 o Ártico está aquecendo a uma taxa significativamente mais rápida. Em alguns pontos do Ártico o aquecimento foi ainda mais pronunciado nas últimas décadas.

À medida que o mundo se aquece, devido às emissões de gases de efeito estufa que retêm calor, a cobertura de gelo marinho encolhe. Isso faz com que o Oceano Ártico absorva a luz solar que, de outra forma seria refletida no gelo, o que por sua vez, causa mais aquecimento.

Em estudos recentes, os cientistas se concentram na área do Círculo Ártico, e utilizaram dados dos últimos 43 anos para observar as mudanças nesta região.

No início de julho, os níveis de gelo marinho do Ártico estão quase dois desvios padrão abaixo da média neste verão. Isso tem consequências significativas para todo o ambiente do Ártico, incluindo mudanças nos habitats regionais das populações de ursos polares.

"Nós nos concentramos em um período que começou em 1979 porque as observações após aquele ano são mais confiáveis e porque o forte aquecimento começou na década de 1970", disse o coautor do estudo, Mika Rantanen, pesquisador do Instituto Meteorológico Finlandês.

Outra problemática enfrentada é que os modelos climáticos, que os pesquisadores usaram para prever mudanças a longo prazo, não estão captando a alta taxa de aquecimento, segundo o pesquisador Mika Rantanen.

Eles descobriram que a taxa de aquecimento é particularmente alta na região eurasiana do Ártico, especialmente no Mar de Barents, que aqueceu sete vezes mais rápido que a média global.

Extensão diária do gelo marinho do Ártico em 2022 (linha vermelha) em comparação com a média (linha azul escura). Fonte: Nacional Snow and Ice Data Center.

OS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO ÁRTICO

Em 2020, uma onda de calor recorde atingiu a Sibéria, chamando a atenção para os efeitos das mudanças climáticas em uma das regiões mais frias do planeta. Em junho daquele ano, uma estação meteorológica em uma cidade russa, no Círculo Ártico, relatou uma temperatura de 38°C, sendo a máxima diária mais alta registrada nesta região.

De acordo com a versão mais recente do Arctic Report Card da NOAA, o aquecimento rápido e pronunciado continua a impulsionar o progresso da amplificação do Ártico. Além disso, a temperatura média do ar na superfície do Ártico de outubro de 2020 a setembro de 2021, foi a mais quente já registrada.

Estas descobertas refletem o mais recente relatório da ONU sobre a crise climática, na qual informa que o Ártico continuará aquecendo mais rápido do que o resto do planeta, enquanto houver a queima de combustíveis fósseis e a liberação de efeito estufa na atmosfera.

Dessa forma, os estudos destacam a rapidez com que o sistema do Ártico mudou nos últimos 43 anos, e está mudando muito mais rápido, afetando a biodiversidade, em que a sobrevivência de muitas populações de ursos polares pode estar em risco diante do aquecimento da região ártica.