Nuvem de gafanhotos se aproxima de plantações no Brasil

Gafanhotos são considerados pragas potencialmente problemáticas, pois, em grandes grupos, podem consumir em um dia a quantidade de pasto equivalente a 2 mil vacas ou 350 mil pessoas. Além disso, se deslocam com facilidade seguindo as condições do tempo.

Nuvem de gafanhotos
Nuvem de gafanhotos ataca lavouras na Argentina. Fonte: Governo da Província de Córdoba.

A densa nuvem de gafanhotos está atualmente no norte da Argentina. A praga está sendo monitorados por funcionários do governo e por produtores rurais. As principais regiões atingidas na Argentina são as províncias de Santa Fé, Formosa e Chaco, onde existe produção de cana-de-açúcar e mandioca e a condição climática é favorável. Os insetos têm aproximadamente 15 cm de envergadura e vieram do Paraguai, onde destruíram lavouras de milho. A nuvem de gafanhotos agora pode chegar ao território brasileiro, ameaçando plantações e pastagens do Sul do país.

O gafanhoto conhecido como sul-americano tem como hábito a formação de massas migratórias e pode viajar até 100 km por dia. O governo argentino afirma que os insetos podem passar por vilas e cidades, mas não causam danos diretos aos seres humanos, apenas causam riscos a plantações e pastagens.

De acordo com o Governo da Argentina, os gafanhotos podem avançar e cruzar a fronteira do Brasil pelo lado oeste dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porém, na terça-feira (23) a Embrapa declarou poucas chances dos gafanhotos chegarem ao Brasil, mas alerta que poderia ser desastroso caso se confirme.

Os gafanhotos devem ter dificuldade para chegar e se deslocar no território brasileiro visto que as previsões indicam a chegada de uma frente fria no sul do país. A queda de temperatura e a mudança na direção do vento deve dispersar ou mudar a rota da nuvem de gafanhotos. A secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul também trabalha com a hipótese de que as chances dos gafanhotos chegarem ao sul são pequenas devido as condições do tempo.

A Embrapa também destacou dois outros importantes pontos: as plantações de arroz já foram colhidas no Rio Grande do Sul e mesmo que os gafanhotos afetassem os pastos, a perda seria menor nesse cenário; e há a possibilidade do uso de inseticidas visto que o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola colocou a frota de 426 aeronaves à disposição dos governos gaúcho e federal para conter o avanço da praga, caso seja necessário. Porém, a aplicação de inseticidas exige cuidados, pois há riscos de contaminação.

Em casos de nuvens de gafanhoto, a Embrapa recomenda o manejo de larga escala. Porém, o uso de agrotóxicos nas lavouras pode prejudicar a preservação de outros organismos que são benéficos como aves e sapos. Uma alternativa é o uso de predadores naturais, como é o caso de patos, para evitar o uso exagerado de agrotóxicos. O ideal é que o combate a esta praga seja feito enquanto ainda ninfas (mais jovens).