Monitoramento do ar em São Paulo: como funcionam os sensores considerados os pulmões eletrônicos da cidade

Em São Paulo, a Cetesb opera uma rede de estações que monitora o ar 24 horas por dia, protegendo a saúde da população e prevenindo queimadas.

Com 84 estações, a Cetesb mantém vigilância constante da qualidade do ar em São Paulo.
Com 84 estações, a Cetesb mantém vigilância constante da qualidade do ar em São Paulo. Foto: Adobe Stock

A poluição atmosférica é um problema silencioso, mas presente. No estado de São Paulo, monitorar a qualidade do ar é tarefa diária e contínua realizada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).

Com o auxílio de uma extensa rede de estações espalhadas por diferentes regiões, o trabalho não apenas informa, mas protege a saúde pública, principalmente nos meses de estiagem.

Uma rede que respira com a cidade

Atualmente, 84 estações de monitoramento compõem essa estrutura. Destas, 62 funcionam de forma automática, emitindo dados em tempo real, enquanto 22 operam manualmente, com análises feitas em laboratório a partir de coletas periódicas. Juntas, elas formam um verdadeiro pulmão eletrônico coletivo.

Instaladas em áreas urbanas densas e zonas industriais, essas estações têm como missão medir a concentração de cinco poluentes principais: material particulado, ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e monóxido de carbono. A condição do ar em cada ponto é determinada sempre com base no poluente mais crítico detectado naquele local.

Em épocas de seca, como as que ocorrem entre os meses de junho e setembro, a atenção se redobra. As condições meteorológicas tornam a dispersão de poluentes mais difícil, o que exige um olhar ainda mais atento por parte dos técnicos e pesquisadores.

A gerente da divisão de Qualidade do Ar da Cetesb, Maria Lúcia Guardani, explica a relevância do monitoramento constante:

“Essas estações revelam o que, de fato, a população está respirando, 24 horas por dia. Elas captam e analisam o ar, processam os dados e nos mostram se o ambiente está seguro ou se exige cuidados.”

Quando a cor do céu diz mais do que parece

Além da coleta de dados, a Cetesb disponibiliza diariamente, às 11 horas, um boletim oficial com a média das últimas 24 horas e previsões para o dia seguinte. Essa publicação ajuda a população a se prevenir diante de episódios de piora na qualidade do ar. As informações podem ser acessadas tanto no site da Cetesb quanto pelo aplicativo oficial para smartphones.

O público conta ainda com um mapa interativo, onde é possível selecionar cidades, verificar o status do ar por cores e receber orientações específicas conforme o nível de risco à saúde. Esse sistema visual, apelidado de “semáforo ambiental”, ajuda a traduzir os dados técnicos em linguagem acessível.

tecnologia da Cetesb contribui para a saúde pública e o meio ambiente em SP.
tecnologia da Cetesb contribui para a saúde pública e o meio ambiente em SP. Foto: Reprodução/ Agência SP

Confira como funcionam as classificações:

  • Verde – Boa: qualidade ideal, sem riscos para a saúde;
  • Amarelo – Moderada: tolerável, mas pode afetar pessoas mais sensíveis;
  • Laranja – Ruim: indica atenção, sobretudo para grupos vulneráveis;
  • Vermelho – Muito ruim: riscos para todos, especialmente crianças, idosos e portadores de doenças respiratórias;
  • Roxo – Péssima: situação crítica, com impactos generalizados.

Em níveis mais graves, é recomendável evitar atividades físicas ao ar livre e seguir as recomendações das autoridades de saúde. Como lembra Maria Lúcia:

“Alguns poluentes são invisíveis, mas afetam diretamente a nossa saúde. Acompanhar a qualidade do ar ajuda a prevenir problemas respiratórios e adotar hábitos mais conscientes.”

A rede por trás do combate ao fogo e à poluição

Embora o foco da Cetesb seja o monitoramento da qualidade do ar, seu trabalho também está integrado a estratégias maiores de proteção ambiental. Uma delas é a Operação SP Sem Fogo, iniciativa permanente do Governo do Estado que une diversas frentes no combate aos incêndios florestais e agrícolas.

Além de ser coordenada por uma parceria entre a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, a Defesa Civil e a Segurança Pública, a operação conta ainda com apoio do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar Ambiental e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA). Também participam diretamente o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), a Fundação Florestal (FF) e a própria Cetesb, por meio de sua rede de estações.

Mais do que reagir a focos de incêndio, a Operação busca prevenir tragédias ambientais e proteger populações expostas à poluição gerada pela fumaça. Ao integrar dados ambientais, vigilância territorial e resposta rápida, essa estrutura mostra que a preservação da qualidade do ar também depende de estratégias amplas e bem coordenadas.

Referências da notícia

Natacha Mazzaro. Agência SP. Pulmões eletrônicos de São Paulo: como a Cetesb monitora o ar que você respira. 17 de julho, 2025.