Missão ambiciosa: Índia pretende trazer pedaço da Lua para a Terra

Com o sucesso da missão lunar Chandrayaan-3 este ano, a agência espacial indiana já está planejando a missão Chandrayaan-4, que tem como objetivo trazer um pedaço da Lua para a Terra.

Chandrayaan-3
Módulo de pouso da missão Chandrayaan-3 na Lua, em 30 de agosto. Crédito: ISRO.

Em agosto deste ano, a Índia obteve sucesso ao se tornar o primeiro país a aterrissar no polo sul da Lua. A missão Chandrayaan-3 da agência espacial indiana ISRO pousou no dia 23, colocando um módulo de pouso e um rover na superfície lunar, com o objetivo de verificar a existência de água.

E agora, com esse êxito, a agência já planeja a próxima missão Chandrayaan-4, com o objetivo de coletar e trazer à Terra um pedaço da Lua, mas ainda não há data de lançamento.

Como será a Chandrayaan-4?

O objetivo da missão será coletar e enviar amostras da superfície lunar para a Terra.

Serão enviados quatro módulos à Lua em dois lançamentos de foguetes. Os dois primeiros levados até lá são um módulo de pouso e um ascendente; os outros dois levados no segundo lançamento serão um módulo de transferência e um de reentrada na Terra.

O pouso desses módulos provavelmente será próximo do local onde a missão Chandrayaan-3 está parada atualmente, em uma cratera não especificada ainda. Os instrumentos irão então coletar algumas amostras do solo no polo Sul lunar.

A Índia pretende também colocar um astronauta na superfície lunar até 2040 e construir uma estação espacial em órbita terrestre até 2035.

Os módulos do segundo lançamento não irão chegar a aterrissar na Lua. Eles permanecerão na órbita do satélite, esperando o módulo ascendente transferir as amostras coletadas para o módulo de reentrada. Depois disso, eles irão retornar para a Terra, realizando um pouso seguro.

O Polo Sul tem se mostrado internacionalmente importante, e chamando a atenção para futuras missões, devido aos fortes indícios de que possa ter gelo de água preso nas rochas das crateras permanentemente sombreadas. Esse elemento pode ser usado para dar suporte à vida e à permanência na Lua, assim como ser extraído para combustível de foguetes.

“É uma missão muito ambiciosa. Esperamos que nos próximos cinco a sete anos sejamos capazes de enfrentar este desafio” - Nilesh Desai, diretor do Centro de Aplicação Espacial em Ahmedabad.

Contudo, a campanha da missão Chandrayaan-4 vem enfrentando problemas por ser cara demais. A ISRO ainda não divulgou um orçamento estimado, mas pode ser um valor muito alto.

Principais descobertas da Chandrayaan-3

O instrumento LIBS (Laser-Induced Breakdown Spectroscopy) a bordo da sonda indiana descobriu a presença de oxigênio, cálcio, enxofre, alumínio, ferro, cromo, titânio, manganês, sulfúrio e silício na superfície da Lua.

E pela primeira vez, a temperatura no polo sul lunar foi medida. Os sensores do equipamento ChaSTE (Chandra's Surface Thermophysical Experiment) mediram o perfil das temperaturas na superfície e em várias profundidades. Em superfície, a temperatura é de cerca de 50ºC.

Atualmente, o módulo de pouso e o rover da Chandrayaan-3 estão no modo de hibernação, e esforços para estabelecer a comunicação com eles estão em andamento.