Leão XIV: Novo Papa dos EUA reforça legado ambientalista na Igreja Católica

Primeiro papa dos Estados Unidos, Leão XIV traz histórico missionário na América Latina e reforça compromisso da Igreja com a justiça climática, inspirado na encíclica ecológica Laudato Si’.

Recém-eleito Papa Leão XIV, o Cardeal Robert Prevost, dos Estados Unidos, aparece na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 8 de maio de 2025. Foto: Yara Nardi / Reuters / Folhapress
Recém-eleito Papa Leão XIV, o Cardeal Robert Prevost, dos Estados Unidos, aparece na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 8 de maio de 2025. Crédito: Yara Nardi / Reuters / Folhapress

Em um momento de crescentes desafios ambientais globais, a Igreja Católica elegeu nesta quinta-feira (8) um novo pontífice comprometido com a causa ecológica. O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi escolhido como o 267º papa da história da Igreja, adotando o nome de Leão XIV. Ele é o primeiro papa originário dos Estados Unidos e traz em sua trajetória um histórico pastoral voltado à justiça social e à proteção da natureza.

A escolha de Leão XIV marca um momento histórico, tanto por sua nacionalidade quanto pela ênfase em temas ambientais. O novo pontífice sucede uma linha de papas que vêm fortalecendo a posição da Igreja frente à crise climática, especialmente após os esforços de Francisco, cuja encíclica Laudato Si’ (2015) marcou uma guinada ecológica na doutrina católica. Prevost, embora discreto em muitas frentes, tem demonstrado firmeza em relação às questões ambientais.

Em outubro passado, durante um seminário no Vaticano sobre a crise ecológica na América Latina, o então cardeal afirmou que a relação da humanidade com a criação não pode ser de dominação, mas de “reciprocidade”. “O homem não deve ser um tirano em relação à natureza”, disse ele na ocasião, ecoando os princípios defendidos por seu antecessor.

Experiência missionária molda visão pastoral

Antes de ser eleito papa, Leão XIV teve uma longa atuação missionária no Peru, onde viveu por mais de 18 anos. Essa vivência em comunidades vulneráveis da América Latina moldou de maneira decisiva sua visão pastoral e fortaleceu seu compromisso com a justiça socioambiental. Foi nesse contexto que ele desenvolveu um olhar sensível aos impactos desiguais da crise climática, especialmente entre os mais pobres e marginalizados.

Em várias entrevistas concedidas ao longo dos anos, Prevost ressaltou que a crise ambiental não é apenas uma questão científica ou técnica, mas profundamente moral e espiritual. “Cuidar da criação é parte do mandamento cristão de amar o próximo”, declarou certa vez. A partir dessa visão, ele defende uma conversão ecológica que envolva tanto mudanças pessoais quanto políticas institucionais concretas.

Dentro do Vaticano, Prevost também se destacou por apoiar iniciativas sustentáveis, como a instalação de painéis solares e a transição para uma frota de veículos elétricos. Esses gestos, embora simbólicos, são interpretados como parte de um esforço para alinhar a prática cotidiana da Igreja com seus princípios ecológicos.

Continuidade e renovação na agenda ambiental

Embora ainda pouco se saiba sobre os rumos que seu papado tomará em outras áreas, o novo pontífice parece disposto a reforçar a dimensão ecológica da fé católica. Em seus primeiros discursos, tem reiterado a necessidade de transformar palavras em ação diante da emergência climática, incentivando governos, empresas e fiéis a adotarem atitudes responsáveis e sustentáveis.

A escolha de Leão XIV sinaliza continuidade e aprofundamento da agenda ambiental no coração da Igreja — agora com um papa que une raízes norte-americanas a um passado missionário latino-americano e um claro compromisso com a Casa Comum.

Observadores do Vaticano interpretam sua eleição como uma reafirmação da relevância da pauta ecológica, não apenas como uma preocupação moderna, mas como parte integral da missão cristã.

Com isso, o pontificado de Leão XIV tem o potencial de se tornar um novo marco na relação entre fé e meio ambiente, incentivando uma mobilização global em torno de valores espirituais e éticos em prol da preservação do planeta. Resta agora acompanhar como essa visão se refletirá nas decisões políticas e pastorais do novo líder da Igreja Católica.

Referências da notícia

(((o))) eco - Leão XIV: Da América de Trump, um novo papa ambientalista. 2025