Incêndio consome 60% de parque e produz "chuva de cinzas" em São Paulo

O incêndio, iniciado neste domingo, já havia consumido pelo menos 60% do parque no início desta segunda-feira (23) e causou uma “chuva de cinzas” em toda a região metropolitana de São Paulo.

Incêndio causado por balão destruiu mais da metade do Parque Juquery
O incêndio, causado por um balão, consumiu pelo menos 60% do parque Juquery e causou “chuva de cinzas” em toda a região metropolitana de São Paulo. (imagens: Prefeitura de Franco da Rocha / anônimo)

Neste domingo (22), um incêndio de proporções gigantescas atingiu o Parque Estadual Juquery, localizado em Franco da Rocha, São Paulo. As chamas devastaram pelo menos 60% da área total do parque e a fumaça emitida durante o incêndio causou uma chuva de cinzas em praticamente todas as cidades da região metropolitana de São Paulo.

De acordo com a administração municipal, relatos da população indicam que o incêndio foi causado por um balão que caiu no parque às 9h da manhã. Mais de 240 pessoas foram mobilizadas entre este domingo e a segunda-feira (23) para combater as chamas. As equipes contaram ainda com apoio de viaturas terrestres, helicópteros e aviões.

Na manhã desta segunda, ainda havia ao menos três grandes focos de incêndio no parque, considerado o último fragmento de cerrado na região metropolitana de São Paulo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, pelo menos 1200 dos seus 2000 hectares completamente destruídos, o que compromete fortemente a continuidade deste tipo de vegetação no Estado.

De acordo com Walkiria Zanquini, tenente do corpo de bombeiros, a ocorrência é muito complexa. O relevo do parque e os ventos dificultam a operação. Caminhões não conseguem entrar no local e os bombeiros precisam carregar água nas costas. Além disso, o fogo se alastra rapidamente e é muito difícil prever seu caminho e dimensão, o que torna o trabalho extremamente perigoso para os bombeiros.

Chuva de cinzas na grande São Paulo

Nas redes sociais, paulistas reclamaram sobre a fuligem que começou a cair do céu e se acumular em diversas cidades. Também houve uma mudança na coloração no céu, que ficou mais vermelho e opaco devido à presença de fumaça na atmosfera.

O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) confirmou que a fonte da fuligem e da fumaça foi o grande incêndio em Franco da Rocha. Com a onda de calor que atinge todo o Sudeste e Centro-Oeste, causada por um bloqueio atmosférico, as altas temperaturas e a baixa umidade relativa trazem um aumento considerável na probabilidade de incêndios. As condições atmosféricas também dificultam a dispersão de poluentes.

Autoridades do corpo de bombeiros relataram o recebimento de pelo menos 2360 chamadas para controle de incêndio em vegetação na Região Metropolitana de São Paulo só no final de semana. As previsões indicam que o tempo continuará seco esta semana, com muito calor, sol e recordes de temperatura máxima para o inverno. Por isso, há risco de novos incêndios florestais surgirem nos próximos dias.

A fumaça dos focos de incêndio pôde ser vista até mesmo de satélites. Na imagem em canal de cor natural, a fumaça aparece com leve realce na cor vermelha.

Felizmente, a maior parte do incêndio foi controlada após mais de 20 horas de trabalho. De acordo com o major Marcos Palumbo, ainda permanecem no local 70 brigadistas e dois helicópteros que atuam em focos menores. A Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente informou que biólogos e veterinários de órgãos municipais e estaduais estão atuando no resgate da fauna local, embora pouquíssimos animais tenham sobrevivido ao incêndio.

Onze baloeiros foram detidos após denúncias em diversas regiões do Estado. Um deles confessou estar ligado à atividade, mas foi liberado após pagamento de fiança. Os demais foram ouvidos e liberados. Até o momento, a conexão dos grupos com o incêndio não foi confirmada pela polícia.