Guaíba, no RS, pode voltar a ter extração de areia após quase uma década de paralisação ambiental
Um novo estudo ambiental pode destravar a mineração de areia no Guaíba, atividade interrompida desde 2016 por decisão da Justiça Federal que exigia zoneamento técnico.

A extração de areia no lago Guaíba, interrompida desde 2016, pode estar próxima de ser autorizada novamente. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) está concluindo o zoneamento ecológico-econômico da região, um estudo técnico que determina quais áreas do lago podem receber a atividade minerária sem comprometer o meio ambiente e os usos sociais da água.
Com o novo estudo praticamente finalizado, estão sendo analisadas as 76 manifestações recebidas durante a consulta pública, encerrada em agosto. A expectativa é de que, após o envio do documento à Justiça Federal, o licenciamento ambiental possa ser retomado com base no zoneamento, sem a necessidade de novas autorizações judiciais.
Trechos do lago serão protegidos, e tecnologia será exigida
Segundo a FEPAM, a mineração não será permitida em um raio de 400 metros dos pontos de captação de água potável, operados por Corsan e Dmae. Também estão excluídas áreas próximas a unidades de conservação ambiental, como o Parque Estadual Delta do Jacuí e a Reserva Biológica do Lami. Além disso, o estudo recomenda proibir a extração a menos de 1 km das margens do lago, para reduzir riscos de erosão e desbarrancamento.
Por outro lado, a fundação identificou que a atividade poderá ocorrer entre o centro e o sul do Guaíba, onde os riscos ambientais são menores. Essas áreas, mais afastadas das zonas sensíveis, podem contribuir para o abastecimento de areia na construção civil e reduzir a pressão sobre outros ecossistemas do estado.
Além dos critérios ambientais, o estudo também considerou aspectos sociais e culturais. Foram analisadas atividades como a pesca artesanal, lazer nas praias, manifestações religiosas e uso náutico. A proposta busca equilibrar a conservação com o desenvolvimento econômico.
Outro ponto central do zoneamento é a exigência de tecnologia de monitoramento via GPS, já em uso no Rio Jacuí. Esse sistema garante que as dragas operem apenas nas áreas autorizadas e desativa o motor de sucção caso saiam dos limites estabelecidos em licença.
A FEPAM ressalta que o zoneamento não substitui o processo de licenciamento, mas funciona como uma diretriz clara. Isso evita que empreendedores apresentem pedidos inviáveis e que o órgão ambiental desperdice tempo com análises que resultariam em negativas.
A liberação controlada da mineração no Guaíba pode trazer ganhos econômicos, desde que respeite os parâmetros técnicos definidos, preservando a qualidade da água e os usos comunitários do lago.
Referência da notícia
Zoneamento ambiental deve permitir mineração de areia no Guaíba após nove anos de suspensão. 8 de setembro, 2025. Felipe Prestes. Sul21