Floresta Amazônica: de maior biodiversidade do mundo a possível savana

Imagina a Amazônia, maior floresta do mundo e rica em biodiversidade, se tornando uma savana. Assustador não é mesmo? Um estudo recente sugere que isso está muito próximo de acontecer.

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O desmatamento desenfreado da Amazônia e sua diminuição de resiliência preocupa.

A luta para salvar a Floresta Amazônica tem sido árdua e incessante por aqueles que tentam proteger o planeta de uma das maiores catástrofes que poderia acontecer. Afinal, já imaginou uma área tão imensa, tão rica em biodiversidade, se tornando uma savana?

Um estudo recente aponta que isso não está longe de acontecer, e a situação é mais grave que se possa imaginar, pois em torno de três quartos da floresta tropical mostram sinais de capacidade de recuperação reduzida com relação aos distúrbios como secas, extração de madeira e incêndios.

Sabe-se que o futuro da floresta tropical é crucial para a saúde do planeta. Nela vive uma variedade única de vida animal e vegetal, além da imensa quantidade de carbono que influencia diretamente os padrões climáticos globais.

A transformação

O estudo sobre uma possível transformação de floresta tropical para savana foi baseado em informações mensais de dados de satélite dos últimos 20 anos que mapearam a biomassa, ou seja, o material orgânico da área, além do verde da floresta para mostrar como ela sofreu alterações devido às condições climáticas flutuantes.

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Já imaginou a maior floresta tropical do mundo se transformar em savana?

A capacidade de resistir às alterações diminuiu desde o início dos anos 2000, o que seria um sinal de declínio irreversível da floresta. Timothy M. Lenton, um dos autores de um novo estudo e diretor do Global Systems Institute da Universidade de Exeter, no Reino Unido, diz que vale a pena lembrar que se chegarmos a esse ponto e nos comprometermos a perder a Amazônia, teremos uma reposta significativa sobre as mudanças climáticas globais.

Não se sabe quando exatamente a transição de floresta tropical para savana pode acontecer, quando ficar óbvio, será tarde demais.

Lenton ressalta que já perdemos cerca de 90 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, principalmente nas árvores, mas também no solo da Amazônia, ou seja, se perdermos a floresta tropical, não haverá armazenamento eficaz de carbono.

Segundo as observações realizadas no estudo, foi descoberto que a perda de resiliência da floresta foi mais acentuada nas últimas décadas em áreas mais próximas da atividade humana, assim como em áreas que receberam menos chuva.

Ponto sem retorno

O estudo também mostra que a floresta tropical pode estar perto do ponto sem retorno, mesmo sem apresentar mudanças claramente determináveis. A perda de resiliência não equivale a uma perda na área de cobertura florestal.

Havia um ponto de interrogação sobre como a Floresta Amazônica enfrentaria os desafios das mudanças climáticas, no uso da terra e incêndios, comenta Chantelle Burton, cientista climática sênior do Met Office Hadley Centre, no Reino Unido, que acrescenta: "O que este estudo faz é oferecer algumas evidências baseadas em observações para o que já está acontecendo com esse significativo sumidouro de carbono e mostra que o uso humano da terra e as alterações nos padrões climáticos já estão causando uma mudança importante no sistema".

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A imensa e rica biodiversidade da Floresta Amazônica ameaçada.

O estudo aponta para uma avaliação abrangente e rigorosa da durabilidade da Amazônia, segundo Richard Allan, professor de Ciências Climáticas da Universidade de Reading, no Reino Unido. Existe uma conclusão tentadora de que grande parte da Amazônia esteja mostrando sinais de aproximação de um ponto de inflexão em direção ao declínio irreversível.

Sabe-se que vários sensores de satélite são usados para inferir a exuberância da vegetação, e é preciso ter certeza de que esses registros estão mostrando tendências precisas. Mas, segundo Allan, de qualquer forma é inegável que as atividades humanas estão travando uma guerra de várias formas contra o mundo natural, o que é triste neste caso, pois soluções são conhecidas, como o cessar do desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa.