Como a poluição do ar pode estar relacionada com as mudanças climáticas

Qual a relação da poluição atmosférica com as mudanças climáticas? O boletim anual de qualidade do ar alertou que a interação entre poluição e mudança climática causaria uma “penalidade climática” para centenas de milhões de pessoas.

Estudos relatam o estado da qualidade do ar e suas estreitas interconexões com as mudanças climáticas.

Recentemente a Amazônia registrou 18.374 focos ativos de queimadas nos primeiros sete dias de setembro, superior ao que foi registrado em todo mês de setembro de 2021. A fumaça das queimadas se espalhou pela região Sul e Sudeste, e até mesmo países vizinhos.

A poluição do ar é a principal causa ambiental de doenças e morte prematura no mundo. Idosos, crianças e moradores da periferia, são as mais afetadas e as menos propensas a lidar com os impactos na saúde decorrentes da poluição do ar.

Um relatório do Banco Mundial estimou que o custo dos danos à saúde causados pela poluição do ar chega a 8,1 trilhões de dólares por ano, o equivalente a 6,1% do PIB global.

As partículas finas de poluição do ar ou aerossóis, são responsáveis por 6,4 milhões de mortes todos os anos, causadas por doenças como acidente vascular cerebral, câncer de pulmão, doença pulmonar crônica, pneumonia, doença isquêmica do coração e entre outras enfermidades.

À medida que o globo aquece, os incêndios florestais e a poluição atmosférica associada devem aumentar, mesmo em um cenário de baixas emissões, disse o secretário-geral da OMM , Petteri Taalas.

Além da saúde, a poluição atmosférica também está ligada à biodiversidade e à perda de ecossistemas, e têm impactos adversos no capital humano. O boletim anual de qualidade do ar e clima da OMM alertou que a interação entre poluição e mudança climática imporia uma “penalidade climática” para centenas de milhões de pessoas.

Como a poluição atmosférica está relacionada às mudanças climáticas?

A poluição do ar e as mudanças climáticas são dois lados da mesma moeda, mas normalmente são abordadas separadamente. Poluentes do ar e gases de efeito estufa geralmente vem das mesmas fontes, como usinas a carvão e veículos movidos a diesel. Alguns desses poluentes não duram muito no meio ambiente, porém são muito mais potentes para aquecer o clima, como o metano, hidrofluorcarbonos e o ozônio troposférico.

O metano é um precursor do ozônio troposférico, que de acordo com a Climate and Clean air Coalition, mata cerca de 1 milhão de pessoas a cada ano, e é 80 vezes mais potente no aquecimento do planeta do que o dióxido de carbono em um período de 20 anos.

Estudos apontam que o material particulado da queima de combustíveis fósseis, como a combustão de carvão ou emissões de veículos, está entre os tipos mais tóxicos de poluentes. Estas partículas são mais prejudiciais à saúde do que as partículas da maioria das outras fontes de poluição do ar. Dado que essas fontes também são os principais contribuintes para o aquecimento climático, combater a poluição atmosférica por estas fontes, também mitiga as mudanças climáticas.

As mudanças climáticas podem exacerbar a poluição por ozônio, o que levaria a impactos prejudiciais à saúde de centenas de milhões de pessoas.

Reduzir a poluição do ar pode exigir investimentos físicos ou pode exigir drásticas reformas, principalmente nos setores da indústria, transporte, energia e agricultura. Dentre as intervenções para melhorar a qualidade do ar, estão a inclusão de fontes de energia mais limpas e renováveis, mudar os veículos a diesel para elétricos, uso de combustíveis renováveis nas indústrias e melhorar a eficiência do uso de fertilizantes à base de nitrogênio.

Dessa forma, através da descarbonização da economia dos países, espera-se uma melhor qualidade do ar no futuro. Primeiramente, deve-se continuar a reduzir a pobreza e atender às necessidades das pessoas mais pobres, seja por meio de custos de energia mais baixos, garantia de ar mais limpo ou outros meios.

Com essa perspectiva, é necessário enfrentar os desafios da poluição do ar e das mudanças climáticas em conjunto, com o foco na proteção da saúde das pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento.

As emissões de combustíveis fósseis causarão aumentos de ozônio que provavelmente desencadearão ondas de calor, que por sua vez amplificarão a poluição do ar. Portanto, as ondas de calor que estão se tornando cada vez mais comuns devido às mudanças climáticas provavelmente continuarão degradando a qualidade do ar.

Os benefícios para a saúde da redução das emissões da queima de combustíveis fósseis podem ocorrer no curto prazo. No entanto, a redução do dióxido de carbono na atmosfera ocorreria em um período de tempo mais longo.