Ciclone Lanos faz landfall na Grécia: fenômeno raro no Mediterrâneo

No mediterrâneo, ciclones tropicais são chamados de medicanes, abreviatura de “Mediterranean hurricane”. Apesar do apelido, ao longo da história os ciclones tropicais no mediterrâneo não ocorrem com alta frequência, mas têm se tornado cada vez mais comuns nos últimos anos.

Ciclone Tropical Ianos
Uma mulher retira água da entrada de sua casa na ilha de Zakynthos, após a passagem do ciclone Ianos que atingiu o oeste da Grécia em 18 de setembro de 2020.

O ciclone tropical Ianos atingiu as ilhas ocidentais da Grécia, trazendo fortes chuvas e vendavais, com relatos de enchentes e cortes de energia nas ilhas de Kefalonia, Zakynthos e Ithaca. Não há nenhum relato de ferimentos ou mortes no momento da publicação. A guarda costeira grega informou que há relatos de um barco à deriva e em perigo transportando 55 imigrantes na península Peloponeso ocidental.

O ciclone atingiu a Ilha de Lefkada na manhã de sexta-feira, de acordo com o Serviço Meteorológico Nacional Helênico. Os ventos máximos sustentados eram de 100 km/h pouco antes do landfall. Lanos causou fortes chuvas que chegam a 400 mm em algumas áreas, o que pode resultou em inundações repentinas. Existe o risco de desenvolvimento de tornados, acrescentou.

O ministro grego disse que “os efeitos serão fortes e duradouros” nas regiões mencionadas. Ele também apelou aos cidadãos de Acaia, Arcádia, Argólida, Viotia (Boeotia), Etoloakarnania, Fokida, Attica e Evia, que vivem em áreas que foram inundadas no passado ou estão perto de rios, riachos ou costas, para evitar ir para porões e andares inferiores por longos períodos de tempo. O ministro grego ainda pediu que, se possível, ficar com a família ou amigos e evitar cruzar rios ou estradas inundadas "por qualquer motivo, seja a pé ou de carro".

Uma tempestade semelhante atingiu a Grécia em 2018. Em 2017, enchentes mataram 25 pessoas e deixaram centenas de desabrigados. Com a chegada do ciclone Ianos, sete regiões no oeste da Grécia já foram colocadas em alerta máximo antes da tempestade e as autoridades decidirão no final do dia se a região mais ampla de Atenas, Ática e Corinto serão incluídas.

Ciclones tropicais no Mediterrâneo

A ocorrência de ciclones no mediterrâneo é particularmente rara. Sistemas semelhantes aos tropicais foram identificados pela primeira vez na bacia do Mediterrâneo na década de 1980, quando uma ampla cobertura de satélite mostraram baixas pressões de aparência tropical que formava um olho ciclônico no centro. Devido à natureza seca da região do Mediterrâneo, a formação de ciclones tropicais, subtropicais e ciclones do tipo tropical é rara e também difícil de detectar, em particular com a reanálise de dados anteriores.

Os ciclones do Mediterrâneo são fenômenos relativamente raros. O primeiro relato na Grécia ocorreu somente em 1995. Todavia, os ciclones tropicais se intensificaram e se tornaram mais frequentes na região do Mediterrâneo devido às mudanças climáticas.

Dependendo dos algoritmos de pesquisa usados, diferentes pesquisas de longo prazo da era dos satélites e dados da era pré-satélite resultaram em 67 ciclones tropicais de intensidade de tempestade tropical ou superior entre 1947 e 2014, e cerca de 100 tempestades tropicais registradas entre 1947 e 2011. Existe mais consenso sobre a distribuição temporal e espacial de longo prazo dos ciclones tropicais: eles se formam predominantemente sobre o oeste e centro do Mar Mediterrâneo, enquanto a área a leste de Creta é quase desprovida de ciclones tropicais.