Ariranhas se unem para expulsar onça-pintada de território em rio do Pantanal, no MT
Especialistas em conservação destacam a coragem das ariranhas após imagens mostrarem os mamíferos aquáticos expulsando uma onça-pintada de seu habitat natural no estado do Mato Grosso.

O Pantanal mato-grossense foi palco de uma interação raramente documentada com tamanha clareza: o embate estratégico entre a força individual e a cooperação coletiva. Na região de Porto Jofre, em Poconé, um grupo de ariranhas provou que a união é uma arma poderosa ao enfrentar e afugentar uma onça-pintada que tentava se aproximar das margens do rio. O registro, capturado em meio à natureza exuberante, revela como a disputa por território molda o comportamento dos grandes predadores no bioma.
A cena começou quando o felino, conhecido por ser o maior das Américas, surgiu sorrateiramente pela margem. No entanto, as ariranhas, que já ocupavam o local, não demonstraram qualquer sinal de submissão. Pelo contrário, os mamíferos aquáticos iniciaram uma barulhenta e coordenada ofensiva. Através de vocalizações intensas e movimentos sincronizados na água, o bando impôs sua presença, forçando o predador terrestre a desistir da aproximação e se retirar para a mata.
A tática do bando contra o caçador solitário
Embora a onça ocupe o topo da cadeia alimentar, o comportamento social das ariranhas equilibra o jogo. Esses animais, frequentemente apelidados de "lobos do rio", utilizam o grupo como um escudo intransponível. De acordo com observações técnicas, a Média de sucesso desses animais em expulsar invasores é alta justamente pela capacidade de comunicação. O biólogo João Marcelo Biagini, autor do registro, acompanhava a fauna local quando a tensão começou. Ele observou que, enquanto o bando avançava em bloco, o felino tentava medir a situação antes de admitir a derrota territorial.

A dinâmica desses encontros é influenciada por fatores ambientais. Durante os períodos de seca, quando a temperatura atinge a máxima e os recursos hídricos ficam restritos, a proximidade entre espécies rivais aumenta. Nessas janelas temporais, a Média da mínima de distância aceitável entre um grupo de ariranhas e uma onça é drasticamente reduzida. Conforme dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o comportamento coletivo é a principal ferramenta de defesa da espécie, garantindo que tais encontros terminem em intimidação e evitem o confronto físico direto.
Equilíbrio e preservação em Mato Grosso
A coexistência desses dois gigantes é um sinal vital da saúde do ecossistema pantaneiro. A região abriga uma das maiores concentrações de onças do planeta, ao mesmo tempo em que serve de refúgio para a ariranha. Esta última, no entanto, enfrenta desafios maiores: a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classifica o mamífero como uma espécie vulnerável à extinção, o que torna cada exemplar fundamental para a biodiversidade.

Para algumas ONGs ambientais, essa interação reflete a importância de manter a mínima integridade desses habitats. Quando o ambiente oferece condições plenas, a inteligência instintiva prevalece sobre a violência. A onça, ao recuar, preserva sua integridade física, enquanto o bando garante a segurança da área. Esse balanço delicado reforça a imagem do Pantanal como um laboratório vivo, onde a sobrevivência depende tanto da força quanto da habilidade de viver e agir em conjunto.
Referências da notícia
Briga por território: grupo de ariranhas espanta onça-pintada em rio no Pantanal de MT. 22 de dezembro, 2025.