Ameaça à vida marinha: navio petroleiro está abandonado com mais de 1,12 milhão de barris!

O petroleiro abandonado na costa do Iêmen é uma ameaça ambiental, e a ONU se prepara para iniciar uma mega operação com o intuito de evitar um derramamento de óleo no oceano.

Navio petroleiro abandonado
Governo do Iêmen e Organização das Nações Unidas (ONU) juntam esforços para realizar uma operação de grande magnitude: transferir 1,12 milhão de barris de petróleo contido no navio abandonado. Fonte: Umweltorganisation Holm Akhdar

Mais um navio que ameaça o ecossistema do oceano! Um navio petroleiro está abandonado na costa do Mar Vermelho, no Iêmen. O FSO Safer (navio-tanque flutuante de armazenamento e descarga) corre o risco de quebrar ou explodir há anos, com mais de 1,12 milhão de barris de petróleo.

A corrosão e a falta de manutenção são fatores de risco para um possível derramamento e desastre natural.

Uma missão quase impossível

Após tentativas fracassadas de chegar a um plano para salvar o Safer em um ambiente de conflito altamente politizado, o coordenador humanitário da ONU para o Iêmen, David Gressly, lançou uma nova iniciativa em meados de 2021. A iniciativa exigia a seleção de uma empresa líder em salvamento marítimo para remover o óleo da Safer.

O objetivo é transferir todo óleo do navio petroleiro abandonado para outro navio. Será que isso seria seguro?

O governo do Iêmen em Aden apoiou a iniciativa com uma doação de US$5 milhões para a realização da operação de transferência. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento está implementando o projeto que consiste na avaliação de segurança do petroleiro e compra de um navio-tanque de substituição, modificado especialmente para a operação.

Mas antes de iniciar a transferência foi necessário uma série de vistorias no navio abandonado, para garantir a segurança da equipe, desde avaliações estruturais do casco do petroleiro até a preparação avançada de equipamentos de resposta a derramamentos de óleo.

Qual seria o impacto de um grande derramamento de óleo?

O custo de esvaziar o Safer e recuperá-lo é estimado em US$20 milhões. Mas se ele desfizesse com o óleo a bordo, o desastre poderia custar cerca de US$20 bilhões para ser limpo.

Se isso acontecesse, devastaria as comunidades pesqueiras na costa do Mar Vermelho do Iêmen, já que milhões dependem da pesca na região. Comunidades inteiras seriam expostas a toxinas com risco de vida, alerta a ONU.

O impacto ambiental nas águas, recifes de corais, manguezais e vida marinha seria severo, além de acabar com 200 mil meios de subsistência.

O derramamento de óleo pode atingir as costas da Arábia Saudita, Eritreia, Djibouti e Somália. E as usinas de dessalinização na costa do Mar Vermelho também podem ser fechadas, cortando as fontes de água potável para milhões de pessoas.

Além da poluição da água, um vazamento provocaria poluição do ar em grande escala. Também é possível que o tráfego de navegação vital através do Estreito de Bab al-Mandab para o Canal de Suez sofra interrupções prolongadas, levando a bilhões de dólares em perdas por dia.

Como o navio petroleiro acabou na costa do Iêmen?

O Safer foi construído como um superpetroleiro em 1976, e convertido uma década depois no que é de fato um contêiner flutuante de petróleo. O navio está ancorado a 7 quilômetros da costa da província de Al Hudaydah, no Iêmen, e contém cerca de 1,12 milhão de barris de petróleo.

As operações de produção, descarga e manutenção do petroleiro foram suspensas em 2015 devido ao conflito entre rebeldes Houthi e uma coalizão do pró-governo no Iêmen, e com isso a integridade estrutural do petroleiro deteriorou-se, colocando-o em risco de colapso.

Os sistemas necessários para bombear gás inerte para o navio-tanque pararam de funcionar em 2017, resultando em risco real de explosão, e o navio foi considerado sem reparo.

O país, devastado pela guerra, não tem capacidade ou habilidade para lidar com o impacto de um grande derramamento de óleo, que colocaria em risco todo o ecossistema marinho e a economia do Mar Vermelho, que abriga as principais rotas marítimas.

Mesmo após a transferência, o petroleiro em ruínas continuará a representar uma ameaça ambiental resultante do resíduo de óleo pegajoso dentro do tanque, especialmente porque o petroleiro permanece vulnerável ao colapso.