750 milhões de mosquitos transgênicos serão liberados na Flórida

A polêmica técnica visa controlar a população do mosquito Aedes Aegypti. Este inseto é altamente perigoso pelo fato de ser o vetor de doenças como dengue, zika, febre amarela e chikungunya.

Aedes Aegypti
O mosquito Aedes Aegypti é responsável pela transmissão de várias doenças endêmicas.

O responsável por várias doenças graves é um mosquito de origem tropical: o Aedes Aegypti, que tem capacidade de transmitir doenças como dengue, zika, febre amarela ou chikungunya. Conforme indicado pelo jornal El País, até agora em 2020, houve 46 mortes por dengue em Florida Keys.

Agora, após anos de debates e polêmicas, o governo do estado da Flórida, nos Estados Unidos, autorizou a liberação de 750 milhões de mosquitos transgênicos para o controle desses tipos de doenças. De acordo com o que foi relatado pela BBC, o objetivo do projeto é reduzir a população local desses insetos e diminuir o número daqueles que transmitem doenças como a dengue ou o vírus zika.

O projeto aguardou sua aprovação durante anos e, assim que surgiu, recebeu duras críticas de diversos setores, principalmente de órgãos ambientais. Muitos acreditam que essa técnica pode causar danos ao ecossistema e ao mesmo tempo criar mosquitos híbridos resistentes a inseticidas. Alguns consideram o projeto um experimento no estilo Jurassic Park.

As fêmeas são as que picam

Uma empresa privada, a britânica Oxitec e com o aval da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), começará a liberar os mosquitos geneticamente modificados (GM) a partir de 2021 e por um período de dois anos. Os lançamentos acontecerão em Florida Keys, no sul da península da Flórida.

A empresa produzirá mosquitos Aedes Aegypti machos GM, conhecidos como OX5034. A expansão territorial desse mosquito está diretamente ligada ao aquecimento global, e eles estão cada vez mais se distanciando dos trópicos e indo em direção às latitudes médias. Portanto, muitos especialistas acreditam que essa técnica poderia ser aplicada em outros lugares para neutralizar seu avanço.

É interessante notar que apenas mosquitos fêmeas picam humanos, pois precisam de sangue para produzir ovos. Portanto, o objetivo do plano é liberar os mosquitos machos modificados na esperança de que eles se misturem com as fêmeas e reduzam a população. Os machos têm uma proteína que mata todas as larvas antes de atingirem a idade madura, quando começam a picar. Os machos, que só se alimentam de néctar, vão sobreviver e passar seus genes adiante.

As críticas

Alguns grupos de defesa do meio ambiente veem o projeto como uma ameaça séria. Acreditam que a liberação de mosquitos GM colocará desnecessariamente os habitantes da Flórida, o meio ambiente e as espécies ameaçadas de extinção em meio a uma pandemia. Não era à toa que o projeto vinha tentando ser aprovado há anos.

projeto mosquitos GM
O projeto ficou parado anos devido à polêmica que gerou.

Além disso, 240.000 pessoas assinaram uma petição na plataforma Change.org criticando e denunciando que a empresa estava usando estados dos EUA "como uma base de teste para esses mosquitos mutantes", conforme relatado pela BBC. Por sua vez, a Oxitec rebate dizendo que obteve resultados positivos após testes realizados no Brasil.

A liberação de mosquitos também ocorrerá no Texas durante 2021 e tem autorização federal para fazê-lo, mas não autorização estadual ou local. A empresa também argumenta que já liberou mais de 1 bilhão de mosquitos e que não há risco potencial para o meio ambiente ou para os humanos.