Número de incêndios explode no Pantanal: clima irregular ainda será desafio nas próximas semanas e até meses

Com chuvas irregulares e registro de altas temperaturas, vegetação do Pantanal continua seca e registrando aumento de incêndios, algo que ainda será preocupação nas próximas semanas e até meses.

O número de focos de queimadas registradas no Pantanal subiu de forma muito expressiva no começo de 2024 devido às chuvas irregulares e as altas temperaturas que têm sido registradas com em um verão sob efeito de El Niño. O estado de Mato Grosso do Sul e o sudoeste de Mato Grosso têm superado as médias de temperatura e isso tem gerado forte impacto negativo na água disponível no solo e na vegetação.

O fenômeno já começou a perder intensidade e caminha cada vez mais para uma neutralidade, porém, o clima continua incerto e a irregularidade climática é que tem se destacado especialmente no Brasil Central. O número de queimadas disparou nesses primeiros dois meses de 2024 comparado ao mesmo período do ano passado.

INPE aponta aumento das queimadas no Pantanal de maneira exorbitante nesse começo de 2024. Número saltou de 26 para 375 comparado ao mesmo período do ano passado, de 1º de janeiro até 19 de fevereiro.

O número assusta e gera prejuízos em um dos biomas mais importantes do Brasil. Esse número de queimadas registradas, no entanto, representa apenas 5,5% do número total já registrado desde o começo do ano até agora. A Amazônia, por exemplo, está com quase 50% dos focos registrados.

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Gráficos apontam número de focos de incêndios registrados desde o começo do ano até agora. FONTE: INPE

Esse começo de ano tem sido o mais preocupante no Pantanal devido ao alto número de focos de incêndio registrado desde 2020, ou seja, nos anos anteriores, o número foi menor, mas cresceu muito frente ao verão mais seco e mais quente que o normal.

A grande questão, não só no Pantanal como em outros biomas importantes é que isso ainda não deve melhorar nas próximas semanas e talvez até meses, é o que veremos abaixo.

Cenário futuro ainda preocupa

Como mencionado anteriormente, o El Niño segue perdendo intensidade e um possível La Niña pode retornar no outono de 2024, o que poderia até gerar um aumento das chuvas e diminuição do calor intenso sobre o Brasil central, mas isso ainda não deve acontecer de uma hora para outra, pois no meio do caminho existe um período de neutralidade que mantém esse cenário irregular.

Para os próximos dias até existe previsão de chuvas intensas em partes do Centro-Oeste, o que pode ser um alívio por um lado na metade norte de Mato Grosso e de Goiás que devem registrar consequentemente, um aumento da água no solo, o que diminui os riscos para queimadas.

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Com a formação de uma área de baixa pressão atmosférica no interior do continente, chuva pode ganhar força em pontos isolados do Pantanal, o que não resolve o problema dos incêndios em todo o bioma.

Porém, muitas localidades na região ainda devem receber pouquíssima chuva e registrar temperaturas elevadas, é o caso do Pantanal que continuará em alerta para os focos de incêndios.

E de maneira mais estendida, pensando no próximo trimestre entre março, abril e maio de 2024, a tendência é de chuvas dentro ou até levemente abaixo da média em boa parte do Brasil Central, ou seja, a vegetação ainda deve receber menos chuva que o normal e continuar mais seca.

A época mais seca do ano se aproxima e com o fim do período úmido até antes que o normal, número de queimadas pode aumentar ainda mais no Pantanal e outros biomas importantes no Brasil.

Mesmo com a futura instalação do fenômeno La Niña que certamente gera uma queda das temperaturas nos meses que estão por vir, a tendência é preocupante, pois com mais dias de sol e pouca presença de nuvens, a temperatura sobe da mesma forma e gera uma diminuição da umidade no solo e nas plantas, então as queimadas podem estar apenas começando com uma tendência de intensificação nos próximos meses.

Fonte imagem capa:
Gustavo Basso/NurPhoto via Getty Images