Bons ventos para o Brasil

O Brasil tem um potencial de geração de energia eólica de cerca de 500 GW, o que representa o triplo da potência da produção de energia nacional considerando todas as outras fontes disponíveis no país.

Parque eólico no município de Galinhos, no Rio Grande do Norte. Créditos: Nuno Guimarães/Frame/Folhapress.

A atenção à produção de energia eólica no Brasil se iniciou após a crise energética de 2001, quando sentimos na pele a necessidade de diversificar nossa matriz energética. Hoje o país tem um potencial de produção de cerca de 500GW e ficou em 8º lugar no ranking mundial de geração de energia pela força do vento.

Esse potencial, estimado pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), representa o triplo da potência de geração nacional considerando todas as outras fontes disponíveis. A capacidade máxima de geração de energia eólica no Brasil foi de 14,2 GW em dezembro de 2018, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Número equivalente a capacidade máxima de Itaipu (14 GW) no mesmo período. Atualmente a energia eólica ocupa o quarto lugar na matriz de energia elétrica nacional.

Geração de energia e desenvolvimento

A geração de energia pela força do vento é feita através de um aerogerador (ou turbinas eólicas). Essas turbinas possuem pás (aerofólios) conectadas a um rotor. As pás se movimentam com a força do vento e acionam o rotor, produzindo força mecânica. O rotor, por sua vez, movimenta o eixo do gerador que, junto com um conversor de potências, converte a energia mecânica em elétrica. Outra parte importante do aerogerador é o sistema de yaw, responsável por alinhar a turbina com o vento para um melhor aproveitamento das pás.

O Brasil foi o 8º maior gerador de energia eólica no mundo em 2017 e tem um potencial de produção de cerca de 500GW. Créditos: Agência FAPESP/ABEEólica.

Os recentes esforços para aumentar a potência dos aerogeradores e a criação de parques eólicos offshore contribuirão muito para ampliar o potencial eólico do país e diminuir os custos de operação, tornando essa fonte energética cada vez mais competitiva nos próximos anos. As internacionais GE Renewable Energy (EUA) e Vestas (Dinamarca) já anunciaram a produção de novas turbinas no Brasil, com potencial de geração de 4,8 MW e 4,2 MW, respectivamente. A única brasileira na corrida é a WEG, de Santa Catarina, que está desenvolvendo turbinas de 4,0 MW. Parques offshore são pensados a longo prazo, já que o custo é 5 vezes maior que em terra. No entanto, a construção do primeiro parque eólico offshore do Brasil foi anunciada pela Petrobrás, e a previsão é de que ele comece a funcionar em 2022.

Impactos Ambientais

O excesso de ruído produzido pelos parques eólicos é um grande problema paras suas comunidades vizinhas. "É como ter um avião sobrevoando sua casa 24 horas por dia" disse o pesquisador Joseph Youssif Saab Jr. em entrevista à Agência FAPESP [veja reportagem na íntegra]. Saab faz parte do grupo Poli Wind, do Instituto Politécnico da Universidade de São Paulo (POLI-USP), e trabalhou durante seu doutorado na produção de pás mais silenciosas, que aguarda solicitação de patente.

Um outro impacto preocupante é a mortalidade de pássaros e morcegos que colidem com os aerofólios. Uma solução, também proposta pelo grupo Poli Wind, é que as pás produzam um assobio em uma determinada frequência capaz de alertar esses animais sem impactar a audição humana.