Sertão com água: a inovação da Embrapa que dá esperança aos agricultores do Nordeste
Nova tecnologia desenvolvida pela Embrapa orienta a gestão da água em propriedades familiares do Sertão Nordestino, o que vai ajudar a garantir a segurança hídrica e o desenvolvimento sustentável na região.

O Sertão Nordestino é uma vasta sub-região do Nordeste brasileiro localizada entre o meio-norte e o agreste e caracterizada pelo clima semiárido. É um local que sofre com a grande estiagem, fator característico do baixo índice pluviométrico.
E agora, famílias agricultoras do Sertão Nordestino vão contar com a ajuda de uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa Solos para garantir água o ano inteiro nesta que é a região de clima mais seco do país. Trata-se de um aplicativo que vai ajudar a identificar áreas adequadas para a construção de barragens subterrâneas. Saiba mais abaixo.
A nova tecnologia: aplicativo GuardeÁgua
Primeiramente, vamos explicar o que são essas barragens subterrâneas e sua importância.
A barragem subterrânea é uma tecnologia hídrica consolidada para garantir umidade do solo em boa parte do ano, mas depende de condições específicas para funcionar bem. Nem todo local é apropriado para a sua construção, e identificar um ponto realmente adequado pode ser um desafio.
Dessa forma, pesquisadores do Embrapa Solo (RJ), em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), desenvolveram o aplicativo GuardeÁgua que facilita a identificação de áreas com potencial para a implantação de barragens subterrâneas.
O aplicativo foi criado justamente para permitir que técnicos extensionistas e agricultores do Semiárido nordestino tenham em mãos uma ferramenta que torne mais assertiva a identificação das áreas com potencial para implantação das barragens.
Mas não é só isso. O aplicativo também sugere práticas de manejo da água, do solo e de cultivos agrícolas adaptados a cada propriedade, cabendo aos agricultores, em parceria com os técnicos, decidir o que é melhor para cada um.

O GuardeÁgua reúne informações simples fornecidas pelo próprio usuário, como textura e profundidade do solo, presença de rochas, vegetação, declividade do terreno, qualidade da água e proximidade de nascentes. Com esses dados, a tecnologia informa se a área é apropriada (ou não) para a instalação de uma barragem subterrânea.
Esta decisão, que antes era feita apenas com base no conhecimento de técnicos ou agricultores, agora é lastreada em informações técnicas, evitando que barragens sejam construídas em lugares inadequados e, consequentemente, que tenha prejuízos financeiros.
Este projeto recebeu apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e faz parte das políticas públicas voltadas para a segurança alimentar, assistência social e redução da pobreza no Semiárido.
“Ele [aplicativo] representa um avanço significativo na política pública de convivência com o Semiárido e reforça o nosso compromisso com ações que promovem autonomia, dignidade e melhoria de vida para as famílias”, comentou em entrevista Vitor Santana, coordenador-geral de Acesso à Água da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) do MDS.
Como funciona uma barragem subterrânea?
O sistema consiste, basicamente, na utilização de uma lona plástica que penetra no solo de 3 a 5 metros em valas cavadas em regiões de áreas agrícolas com declives suaves. A água da chuva fica retida nesta lona, mantendo o solo umedecido por vários meses, tornando-se apto para o cultivo.
É construído também um sangradouro para quando ocorrem fluxos de água acima do esperado, o que permite que essa água em excesso seja acumulada em poços.
Referências da notícia
Nova tecnologia da Embrapa ajuda agricultores do Semiárido a garantir água o ano inteiro. 09 de dezembro, 2025. Luis Roberto Toledo.
Tecnologia orienta a gestão da água em propriedades familiares do Semiárido. 09 de dezembro, 2025. Fernando Gregio/Embrapa Solos.