Pesquisadores desafiam tudo o que já sabemos sobre os danos causados ​​pelos raios UV na pele

Uma nova pesquisa revela que o dano causado pelo RNA, e não pelo DNA, é a principal causador dos efeitos agudos das queimaduras solares, refutando o que se sabia anteriormente sobre os danos à pele relacionados aos raios UV.

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Um novo estudo descobriu como o dano do RNA desencadeia inflamação e morte celular, mudando nossa compreensão do impacto biológico da queimadura solar.
Lee Bell
Lee Bell Meteored Reino Unido 4 min

Todos nós sempre fomos alertados sobre os perigos da exposição ao sol: aplicar protetor solar, ficar na sombra e usar chapéus ou bonés são fatores essenciais para nos protegermos. Para muitos, no entanto, a queimadura solar é algo muito familiar.

Há muito tempo acredita-se que a pele vermelha e irritada, além da sensação de ardência causada por queimaduras solares, seja causada por danos no DNA, mas uma nova pesquisa inovadora sugere o contrário.

Cientistas da Universidade de Copenhague e da Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), em Cingapura, descobriram que os danos ao RNA, não ao DNA, são o que desencadeia a resposta inflamatória imediata da pele à radiação ultravioleta (UV). Essa revelação pode reescrever os livros didáticos e revolucionar a maneira como abordamos a prevenção e o tratamento de queimaduras solares, conforme explicam os autores do estudo.

Repensando as queimaduras solares

“As queimaduras solares danificam o DNA, levando à morte celular e à inflamação. É o que dizem os livros. Mas neste estudo ficamos surpresos ao saber que isso é resultado de danos ao RNA, não ao DNA, que causa os efeitos agudos da queimadura solar”, disse Anna Constance Vind, professora e pesquisadora da Universidade de Copenhague.

O RNA, muitas vezes ofuscado pelo DNA, atua como um mensageiro, carregando instruções genéticas para a produção de proteínas. Ao contrário do DNA, que é mais estável e pode causar mutações duradouras quando danificado, o RNA é frágil e transitório. Mas este estudo revelou que os danos causados pelos raios UV no RNA desencadeiam a primeira resposta na pele, desencadeando inflamação e morte celular.

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A pesquisa destacou a necessidade de repensar a prevenção de queimaduras solares e revelou novas descobertas sobre como os raios UV afetam a pele em nível molecular.

A pesquisa, conduzida em camundongos e células da pele humana, identificou o papel de uma proteína conhecida como ZAK-alfa, que gerencia um processo chamado resposta ao estresse ribotóxico. Isso atua como um sistema de vigilância integrado, detectando danos no RNA e ativando a sinalização inflamatória para recrutar células imunes.

"Quando deletamos o gene ZAK em camundongos, a resposta inflamatória e a morte celular desapareceram. Isso demonstra que o ZAK desempenha um papel fundamental na forma como a pele responde aos danos induzidos por raios UV", diz Simon Bekker-Jensen, coautor do estudo.

Essa resposta mais rápida, impulsionada pelo RNA, ajuda a pele a se defender contra danos maiores de forma mais eficaz do que os danos ao DNA.

Uma mudança na pesquisa de raios UV

“O fato de o DNA não controlar a resposta inicial da pele à radiação UV, mas o RNA sim, é uma grande mudança de paradigma”, disse Vind.

Entender o papel do RNA pode transformar a maneira como tratamos e prevenimos não apenas queimaduras solares, mas também outras doenças inflamatórias da pele que pioram com a exposição aos raios UV.

O coautor do estudo, Dr. Franklin Zhong, acrescentou: “Isso abre as portas para tratamentos inovadores para certas doenças crônicas de pele”, enquanto Bekker-Jensen concluiu: “Esse novo conhecimento deixa as coisas de 'pernas para o ar'. É hora de reescrever os livros”.

Referência da notícia

The ribotoxic stress response drives acute inflammation, cell death, and epidermal thickening in UV-irradiated skin in vivo. 19 de dezembro, 2024. Vind, et al.