Dias de calor extremo (acima de 50ºC) estão aumentando em todo o globo

Artigo divulgado pela BBC mostra que episódios de calor extremo praticamente dobraram nas últimas décadas, começando a ocorrer também em regiões que nunca haviam registrado temperaturas tão altas.

Dias com calor extremo, acima de 50ºC, estão aumentando ao redor do mundo
Artigo divulgado pela BBC mostra que episódios de calor extremo praticamente dobraram nas últimas décadas, e continuarão aumentando nos próximos anos.

Nos últimos anos, têm crescido o número de pesquisas que apontam para um aumento na ocorrência de fenômenos atmosféricos extremos no mundo. Não por acaso, um artigo produzido pela BBC em parceria com cientistas de Oxford, Berkeley e outras partes do mundo mostrou que o número de dias com temperaturas extremas, acima de 50ºC, praticamente dobrou em 40 anos.

Entre 2010 e 2019, estes eventos de calor extremo aconteceram em média 26 dias por ano. Antes de 2010, a média era de 14 dias. O artigo também aponta que o calor extremo, que antes era praticamente restrito à região do Oriente Médio e do Golfo, agora está acontecendo também em outras regiões do mundo, o que traz desafios sem precedentes para a maneira como vivemos e para nossa saúde.

Temperaturas um pouco mais baixas, porém ainda nocivas à saúde humana, também estão acontecendo com mais frequência. Ao diminuir o limiar para 45ºC, também foi notado um aumento expressivo de 14 dias de ocorrência, em média, por ano.

Em suma, o que o artigo indica é que eventos de calor extremo estão se tornando cada vez mais frequentes ao redor do planeta, o que não é um problema apenas para a saúde das pessoas, mas também para edifícios, estradas e sistemas de energia, que são fortemente afetados pelo calor.

Somente neste ano de 2021, eventos recordes com temperatura acima de 45ºC foram registrados em toda a Europa e norte da África. Registros abismais de 48,8ºC na Itália e 49,6ºC no Canadá são os primeiros alertas de que temperaturas superiores a 50°C começarão a ser observadas com frequência em todos os continentes nos próximos anos, inclusive onde o fenômeno não era comum.

Há outros estudos que corroboram os resultados da BBC?

Os resultados da BBC vão de acordo com dezenas de artigos científicos publicados desde 2012 no Bulletin of the American Meteorological Society (BAMS), que dedica uma edição anual à pesquisas sobre o impacto das atividades humanas nos fenômenos meteorológicos extremos.

De acordo com um artigo publicado pela FAPESP, quatro em cada cinco trabalhos nos últimos 10 anos identificaram algum nível de influência das atividades humanas na periodicidade ou intensidade de eventos extremos, não só relacionados ao calor, mas também a grandes secas ou chuvas torrenciais.

Todo evento extremo tem um componente natural, mas alguns deles também têm caraterísticas favorecidas pelas mudanças climáticas causadas pelo homem - José Marengo, do CEMADEN.

Um dos cientistas brasileiros a publicar seus resultados no BAMS, o meteorologista Rafael de Abreu, descobriu que a ação humana aumentou a chance de fenômenos de chuva extrema tanto na bacia do Rio Uruguai quanto na cidade de Belo Horizonte - O que indica que as mudanças climáticas podem ter impactos muito mais amplos do que imaginávamos. Seus estudos foram realizados em parceria com pesquisadores da USP, INPE, Cemaden, e das universidades de Edimburgo e Oxford.

Por isso, a comunidade científica tem pressionado cada vez mais os líderes mundiais e pedido ações urgentes. Em novembro, a cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) deve abordar a pauta e exigir comprometimento com cortes de emissões de poluentes.

Uma das melhores maneiras de ajudar é mostrando apoio e comprometimento com a pauta ambiental. Está nas mãos do povo exigir as mudanças que precisamos do governo e da indústria para evitar um futuro desastroso.