A última chance de ver flores alpinas próximas da extinção

Nova pesquisa indica que diversas espécies de flores e plantas entrarão em extinção devido ao derretimento das geleiras nos alpes e outros ambientes montanhosos.

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O derretimento das geleiras nos alpes está levando diversas espécies de plantas e flores à extinção. (imagem: Hans Braxmeier)

Nos últimos anos, as geleiras têm derretido a velocidades sem precedentes, e uma nova pesquisa publicada na Frontiers in Ecology and Evolution mostra que o recuo do gelo vai levar muitas espécies de plantas que vivem nos alpes à extinção.

Os pesquisadores argumentam que, a princípio, o recuo do gelo expõe novas terras, deixando mais espaço para as plantas nativas prosperarem. No entanto, sem o gelo, espécies mais agressivas e competitivas avançarão e colonizarão os terrenos mais altos, expulsando as plantas mais sensíveis.

Isso significa que, conforme o gelo se desfaz e essas espécies agressivas avançam, as plantas únicas do ambiente alpino recuarão cada vez mais para altitudes maiores - até que, em algum momento, não haverá mais para onde fugir e elas deixarão de existir.

Essa "escada rolante para a extinção" significa que espécies agressivas vão assumir o controle dos alpes, ameaçando todo o ecossistema da montanha.

O pesquisador principal, Dr. Gianalberto Losapio, ecologista da Universidade de Stanford, acredita que 22% das espécies estudadas em quatro geleiras dos alpes italianos desaparecerão com o derretimento das geleiras.

Losapio também acredita que os resultados não valem apenas para os alpes suíços, mas podem ser estendidos para qualquer ambiente montanhoso onde haja espécies endêmicas - Ou seja, espécies que são encontradas apenas em um local muito específico. Isto significa que esta pode ser nossa última chance de ver estas flores.

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Algumas das espécies ameaçadas de extinção são a Geum Reptans, Silene Acaulis (conhecido como musgo de acampamento) e a Ranunculus Glacialis (conhecida como botão de ouro da geleira) (imagens: Frontiers in Ecology and Evolution)

A pesquisa utilizou registros geológicos, levantamentos de 117 espécies de plantas em centenas de locais, além de registros meteorológicos e climáticos que permitiram a análise do que ocorreu nos últimos 5000 anos e também a elaboração de projeções futuras.

Pesquisas anteriores nas terras altas da Escócia já haviam mostrado que plantas montanhosas mais raras da Grã-Bretanha estavam recuando e sendo substituídas por gramíneas geralmente encontradas em altitudes baixas. Estudos conduzidos em Zurique também corroboram os resultados.

Entender este fenômeno é particularmente importante porque plantas alpinas são o combustível para todos os seres vivos locais - herbívoros, predadores, parasitas e polinizadores. Seu desaparecimento desbalancearia completamente o ecossistema.

Além de aproveitar o momento em que estamos para visitar áreas montanhosas e conhecer as espécies, o que podemos fazer de mais efetivo é atuar contra as mudanças climáticas que estão acelerando o derretimento das geleiras nos alpes. Isso inclui, além da redução de emissões de gases do efeito estufa, a educação e conscientização das pessoas sobre os frágeis ecossistemas montanhosos.