Nuvem molecular 3 mil vezes maior que o Sol é encontrada próxima à Terra e surpreende cientistas

Cientistas descobriram uma gigantesca nuvem molecular perto da Terra, a maior e mais próxima do planeta detectada até agora. E isso só foi possível graças à uma técnica nova de detecção.

nuvem molecular Eos
Representação da localização da nuvem molecular. A descoberta desta nuvem pode ajudar a esclarecer como estrelas e planetas se formam. Crédito: Thomas Müller (HdA/MPIA)/Thavisha Dharmawardena (NYU).

Uma equipe de pesquisadores encontrou uma nuvem molecular gigantesca surpreendentemente próxima da Terra. Ela foi detectada a 300 anos-luz da Terra, mais perto do nosso planeta do que qualquer outra nuvem semelhante formadora de estrelas já detectada.

A nuvem de gás foi batizada de Eos, em homenagem à deusa grega do amanhecer, já que ela apareceria enorme no céu noturno se fosse visível a olho nu. Essa descoberta, que foi publicada em um artigo recente na revista Nature Astronomy, pode ajudar a esclarecer como estrelas e planetas se formam. Saiba mais detalhes abaixo.

A massiva nuvem molecular descoberta

Segundo o estudo, a nuvem molecular tem uma massa cerca de 3.400 vezes maior que a massa do Sol e está a uma distância de 300 anos-luz da Terra, localizada na borda da região chamada ‘Bolha Local, uma grande cavidade cheia de gás no espaço que abrange o Sistema Solar. Esta nuvem de gás é uma das maiores estruturas isoladas no céu e tem potencial de formação de estrelas.

As nuvens moleculares são compostas de gás e poeira, e a molécula mais comum nelas é o hidrogênio, fundamental para formação de estrelas e planetas.

"A descoberta de Eos é emocionante porque agora podemos medir diretamente como as nuvens moleculares se formam e se dissociam, e como uma galáxia começa a transformar gás e poeira interestelar em estrelas e planetas", disse em um comunicado Blakesley Burkhart, autor principal do estudo.

E isso pode ajudar a contar a história do cosmos. "O hidrogênio atualmente na nuvem Eos já existia na época do Big Bang e, eventualmente, caiu em nossa galáxia e se fundiu perto do Sol. Portanto, foi uma longa jornada de 13,6 bilhões de anos para esses átomos de hidrogênio", disse Burkhat.

Nova forma de detecção de nuvens moleculares

Nuvens moleculares costumam ser detectadas através de métodos convencionais, como observações de rádio e infravermelho, que são capazes de detectar a assinatura química do monóxido de carbono presente nessas nuvens.

Até então, a Eos não havia sido detectada por que ela não contém muito monóxido de carbono e, portanto, não emite a assinatura característica captada pelos métodos convencionais. Ela é dominada por gás hidrogênio molecular (H2).

Mas neste novo estudo, os pesquisadores usaram uma abordagem diferente: a 'fluorescência no ultravioleta distante'. Essa nova técnica permite que o H2 seja identificado diretamente no espaço por suas emissões brilhantes neste comprimento de onda (ultravioleta distante).

"Usar a técnica de emissão de fluorescência ultravioleta distante pode reescrever nossa compreensão do meio interestelar, revelando nuvens ocultas por toda a galáxia e até mesmo nos limites mais distantes detectáveis do amanhecer cósmico" - Thavisha Dharmawardena, coautora do estudo.

Esta é a primeira vez que uma nuvem molecular foi detectada com luz emitida no ultravioleta distante do espectro eletromagnético, o que, segundo Burkhart, "abre as portas para novas explorações usando este método".

Referências da notícia

Scientists discover massive molecular cloud close to Earth. 28 de abril, 2025. Katie Hunt.

A nearby dark molecular cloud in the Local Bubble revealed via H2 fluorescence. 28 de abril, 2025. Burkhart, et al.

Descubren gigantesca nube brillante formadora de estrellas. 28 de abril, 2025. DW/Redação.