Pela primeira vez na história, escassez hídrica atinge cinco bacias hidrográficas no Brasil

Grandes rios e afluentes do Norte a Centro-Oeste do país sofrem com a estiagem severa. Área afetada corresponde a 25% do território nacional.

Seca no Rio Negro em 2023
Rios na Amazônia estão em níveis críticos de abastecimento. Crédito: Rodolfo Pongelupe

A seca prolongada e extrema que abrange grande parte do país está causando prejuízos nos sistemas de cinco das principais bacias hidrográficas do Brasil: Madeira, Purus, Tapajós, Xingu e Paraguai. O alerta é da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), órgão do governo que acompanha e mede o nível de água nos rios brasileiros. Pela primeira vez em mais de 100 anos de monitoramento, cinco bacias entram simultaneamente em estado de escassez hídrica no país.

“Tivemos a pior seca na região Norte em mais de cem anos da série histórica. Com exceção do rio Madeira, foi a primeira vez que fizemos a declaração de escassez nos demais rios. Observamos o comportamento cíclico dos rios e nunca encaramos nada parecido com o que ocorreu agora”, afirma a diretora-presidente da ANA, Verônica Sánchez, em entrevista à Folha de São Paulo.

Ainda de acordo com informações da agência nacional, somadas as áreas cobertas pelas cinco bacias hidrográficas, mais de 2,2 milhões de km² estão afetados pela escassez hídrica, o que representa cerca de 25% do território nacional.

Entenda o que é a escassez hídrica e alguns dos seus efeitos

Em bacias hidrográficas e outros complexos de corpos de água, o estado de escassez hídrica significa que a quantidade de água disponível é menor do que a necessidade ou uso deste recurso. Diversos fatores podem levar à escassez, como a gestão ineficiente, aumento populacional, utilização excessiva ou alterações no clima regional e global.

Escassez hídrica afeta a vida de milhares de pessoas no Brasil. Crédito: Rodolfo Pongelupe

Para fins de administração pública, o decreto do estado de “escassez hídrica” em um rio ou região prevê a tomada de medidas emergenciais para reduzir ou combater os efeitos nocivos dos baixos níveis de água, como a morte da fauna local e o isolamento de pessoas ou comunidades que vivem nas margens e entornos fluviais. A escassez hídrica também pode impactar o abastecimento e influenciar o preço da energia no país, o que pede ações correspondentes do governo federal.

Seca nos rios e crise climática

A situação inédita evidencia os efeitos da crise climática no Brasil que, em 2024, viveu eventos de secas e cheias históricas, de Norte a Sul do território.

Em maio, o Rio Grande Sul foi assolado pelo aumento sem precedentes do volume de rios e lagos, o que levou a deslizamentos de terra, mortes e destruição de casas e comércios.

No segundo semestre do ano e em outro extremo do país, na Amazônia, estados como o Acre, Rondônia e Amazonas estão enfrentando a estiagem histórica de rios essenciais para o comércio, sociabilidade e subsistência de milhares de pessoas na região.

Referências da notícia

Folha de São Paulo. Seca recorde impõe estado de escassez hídrica inédito no Brasil, com 5 bacias em pior nível. 2024