Para fazer história: módulo Nova-C, com 6 instrumentos da NASA, é lançado em direção ao polo sul da Lua

A missão IM-1 da Intuitive Machines está em andamento. O módulo privado Nova-C chegará ao polo sul da Lua em 22 de fevereiro, levando seis instrumentos da NASA. Eles auxiliarão em pesquisas para futuras missões tripuladas.

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A missão IM-1 da Intuitive Machines está em andamento. O módulo Nova-C chegará ao polo sul da Lua em 22 de fevereiro, levando consigo 6 instrumentos da NASA. Créditos: NASA.

O lançamento da missão IM-1 da empresa americana Intuitive Machines a bordo do foguete Falcon 9 da SpaceX, a partir do Complexo de Lançamento 39A, na Flórida, finalmente aconteceu na última quinta-feira (15), e já está em voo para a Lua. O módulo de pouso Nova-C transportará seis cargas úteis da NASA destinadas à região do Polo Sul da Lua, para realizar pesquisas altamente relevantes.

O módulo Nova-C irá pousar na quinta-feira, 22 de fevereiro, em uma área relativamente plana e segura perto da cratera Malapert A, na região do polo sul da Lua.

A Intuitive Machines é um dos 14 fornecedores que transportam cargas úteis da NASA para a Lua, por meio da iniciativa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) da agência americana, que começou em 2018. A CLPS é uma abordagem inovadora que conecta a NASA com soluções comerciais de empresas dos EUA para fornecer cargas úteis científicas de exploração à superfície da Lua e à órbita lunar.

Através da CLPS, a NASA pretende obter novos conhecimentos sobre o ambiente lunar e expandir a economia lunar para apoiar futuras missões tripuladas no âmbito da campanha Artemis.

O conjunto de instrumentos da NASA a bordo do módulo IM-1 realizará pesquisas científicas e usará tecnologias para nos ajudar a entender melhor o ambiente lunar e melhorar a precisão e a segurança do pouso nas difíceis condições do polo sul, abrindo caminho para futuras missões Artemis.

As cargas úteis coletarão dados sobre como a coluna de gases dos motores interage com a superfície da Lua e levanta poeira; investigarão a radioastronomia e as interações do clima espacial com a superfície lunar; testarão tecnologias de pouso de precisão; e medirão a quantidade de propulsor líquido no módulo Nova- C, em tanques de propelente, sob a gravidade zero do Espaço.

Módulo Nova-C
Módulo Nova-C na sede da Intuitive Machines em Houston, antes de ser enviado ao Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida, para seu lançamento até ao polo sul lunar. Crédito: Intuitive Machines.

O módulo de aterrissagem Nova-C também transportará um conjunto de retrorrefletores que contribuirá para uma rede de marcadores de localização na Lua, a qual será usada como marcador de posição nas próximas décadas.

Os seis instrumentos que voam em direção à Lua

1) O LN-1 (demonstração de navegação do Nodo Lunar 1): trata-se de um pequeno experimento de hardware de voo do tamanho de um CubeSat, que integra funcionalidades de navegação e comunicação para navegação autônoma que apoie futuras operações orbitais e de superfície. Pesquisador principal: Dr. Evan Anzalone, do Centro Marshall de Voos Espaciais da NASA.

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2) LRA (Laser Retroreflector Array): uma coleção de oito retrorrefletores que permitem um alcance de precisão do laser, que é uma medida da distância entre uma espaçonave em órbita ou pouso e o refletor do módulo de pouso. O LRA é um instrumento óptico passivo e servirá como um marcador de localização permanente na Lua durante as próximas décadas. Os LRAs são baratos, pequenos e leves, o que permitirá que futuros orbitadores ou módulos de pouso lunares os coloquem na Lua. Pesquisador principal: Dr. Xiaoli Sun, do Centro de voos espaciais Goddard da NASA.

Laser Retroreflector Array
Maquete de um conjunto retrorrefletor de laser (LRA) no Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, em Greenbelt, Maryland, demostrando o projeto básico: um disco semi-hemisférico metálico, com oito cubos de vidro de sílica embutidos em sua superfície. Crédito: NASA/Goddard.

3) NDL (Navigation Doppler Lidar para detecção precisa de velocidade e alcance): um sensor de descida e pouso baseado em Lidar (detecção e alcance de luz). Este instrumento funciona com os mesmos princípios do radar, mas utiliza pulsos de um laser emitido por três telescópios ópticos. O NDL medirá a velocidade do veículo (velocidade e direção) e a altitude (distância até a superfície) com alta precisão durante a descida até o pouso. Pesquisador principal: Dr. Farzin Amzajerdian, do Centro de Pesquisa Langley da NASA.

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4) RFMG (Medidor de Massa por Radiofrequência): medidor de propulsor de foguetes usado para medir a quantidade de propulsor de uma espaçonave em um ambiente espacial de baixa gravidade. Usando tecnologia de sensores, o RFMG medirá a quantidade ou massa de propulsores criogênicos nos tanques do Nova-C, fornecendo dados que podem ajudar a prever o uso de propulsores em missões futuras. Pesquisador principal: Dr. Greg Zimmerli, do Centro de Pesquisa Glenn da NASA.

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5) ROLSES (Observações de ondas de rádio na superfície lunar a partir da espectroscopia fotoeletrônica): quatro antenas e um sistema receptor de rádio de baixa frequência projetado para estudar o ambiente dinâmico de energia de rádio próximo à superfície lunar, e determinar como a atividade natural e gerada pelo homem perto da superfície interage com a pesquisa científica. Também detectará emissões de rádio do Sol, Júpiter e Terra, bem como poeira que impacta a superfície da Lua. Pesquisador principal: Dr. Nat Gopalswamy, do Centro de voos espaciais Goddard da NASA.

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6) SCALPSS (Câmeras estéreo para estudos da superfície da coluna lunar): é um conjunto de quatro câmeras para capturar imagens estéreo e fixas da coluna de poeira criada pelo motor do módulo de aterrissagem quando começa sua descida até a superfície lunar até ser desligado. Pesquisadora principal: Michelle Munk, do Centro de Pesquisa Langley da NASA.

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Usando uma técnica chamada estereofotogrametria, os pesquisadores de Langley usarão imagens sobrepostas da versão do SCALPSS no Nova-C (SCALPSS 1.0) para produzir uma visão 3D da superfície lunar.

Estas imagens não serão apenas uma novidade surpreendente; à medida que as viagens à Lua aumentam e o número de cargas úteis levadas também aumenta, os cientistas e engenheiros devem ser capazes de prever com precisão os efeitos das aterrissagens.