Nuvem de poeira do Saara atravessa o Caribe e pode chegar à Flórida

Todos os anos fortes tempestades de poeira se formam na África entre a primavera e o verão e são levadas pelos ventos alísios em direção ao oceano. A nuvem desta semana poderá alcançar o sul da Flórida em poucos dias.

poeira do saara
Imagem do satélite GOES-16 do dia 11 de junho mostra a grande massa do poeira se estendendo por todo o Atlântico entre a costa da África e o sul do Caribe. Crédito: NOAA

Uma enorme nuvem de poeira originada na África se estendeu pelo Atlântico tropical até o Caribe. Não é um fenômeno incomum nesta época do ano - a temporada de poeira do Saara pode continuar até agosto. A camada de poeira está a cerca de 2.500 km de altura. Existem duas condições com relação a esta pluma de poeira: se ela é densa ou se é pouco densa. Se a pluma de poeira for densa, ela pode provocar um ressecamento nesse nível da atmosfera o que pode impactar na formação de tempestades.

Essa notícia pode ser positiva para o início da temporada de furacões na região, que começou oficialmente no dia primeiro de junho. O ressecamento da camada de ar sobre as águas do Atlântico e do mar Caribe acaba inibindo a formação das tempestades tropicais e dos furacões. Exatamente como aconteceu em 2020, a nuvem do Saara deve barrar a formação dos fenômenos tropicais por alguns dias neste começo de temporada.

Esse é o caso para uma nuvem de poeira densa, porém se a nuvem de poeira é pouco densa, de forma que a secagem seja de leve a moderada, as tempestades podem se formar extremamente fortes. Isso porque, em pequenas quantidades, a poeira pode auxiliar em um processo conhecido como “núcleo de condensação” para a formação das gotículas das nuvens.

No momento, a camada de poeira está se espalhando e se tornando cada vez menos densa. O suficiente para permitir a formação de grandes tempestades. A previsão é que a atual onda de poeira chegue à península do sul da Flórida nos próximos dias.

Entre o meio e o final da próxima semana, um distúrbio tropical originado na África pode chegar à América Central. A instabilidade pode se mover em direção ao extremo sudoeste do Golfo do México. Contudo, não há expectativa da formação de furacões na próxima semana.

Os efeitos da grande nuvem do Saara

A grande camada de névoa empoeirada que atinge 3 a 5 quilômetros de espessura e pode persistir por dias, ou até semanas, dependendo das condições atmosféricas da região, afeta diretamente a qualidade do ar e visibilidade. São dias opacos, com pouco sol e muita concentração de poeira, que pode agravar as doenças respiratórias e causar irritação nos olhos.

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Por outro lado, sabe-se que as partículas de poeira são fertilizantes naturais e repõem nutrientes sendo altamente benéficas para o solo. Especialistas da NOAA afirmam que mais de cem milhões de toneladas de poeira do Saara são transportadas anualmente em direção às Américas. Parte dessas partículas, inclusive, chega até a Floresta Amazônica.