Nova fase da conservação no Paraná: investimento milionário restaura áreas degradadas
Programa ambiental está investindo mais de R$ 110 milhões na recuperação da Mata Atlântica no litoral do Paraná, promovendo ações sustentáveis com foco em conservação, pesquisa e inclusão comunitária.

A maior porção contínua de Mata Atlântica do Brasil, situada entre os estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, está recebendo um importante reforço para sua proteção. Com um investimento superior a R$ 110 milhões, o Programa Biodiversidade Litoral do Paraná (BLP) dá novos rumos à conservação da região, com ações voltadas à pesquisa científica, educação ambiental, uso sustentável dos recursos e estruturação de Unidades de Conservação (UCs).
Criado oficialmente em 2021, o Programa já está em andamento e deve ganhar mais velocidade ao longo de 2025. Seu objetivo é implementar um modelo de desenvolvimento mais equilibrado entre crescimento econômico e conservação ambiental. Os recursos são provenientes de um Termo de Acordo Judicial (TAJ), assinado após o vazamento de 52 mil litros de óleo diesel da Petrobras em 2001, que causou sérios impactos a ecossistemas da região.
A tragédia resultou em uma Ação Civil Pública, com protagonismo do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Paraná (MPPR), garantindo a aplicação do montante em projetos com foco em restauração ecológica e fortalecimento da fiscalização.
Tragédia ambiental deu origem ao maior fundo de conservação do litoral paranaense
O acidente ocorreu quando um trecho do poliduto Olapa se rompeu na Serra do Mar, entre Morretes e a Baía de Antonina. O óleo se espalhou rapidamente pela mata e por rios da bacia costeira, afetando uma das áreas mais bem preservadas do bioma. O impacto foi devastador: espécies endêmicas foram atingidas, peixes morreram por asfixia e manguezais inteiros ficaram comprometidos.
Segundo técnicos do antigo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e do IBAMA, o óleo apresentava alta toxicidade e atingiu ambientes extremamente frágeis. Por isso, o acordo judicial não apenas determinou a indenização, como também estipulou que os valores fossem usados diretamente em projetos ambientais no território afetado.
Desde então, diversas entidades da sociedade civil, como a SPVS, o Mater Natura e a Associação MarBrasil, têm atuado para garantir que o investimento seja revertido em melhorias reais para a natureza e para as comunidades locais.
Governança compartilhada e foco em resultados duradouros
A gestão do Programa é feita pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), organização especializada em administração de fundos ambientais. A governança é descentralizada e inclui órgãos públicos, instituições acadêmicas e representantes da sociedade civil, com supervisão constante do MPF e do MPPR.
De acordo com Daniela Leite, gerente do Programa, o modelo de governança permite que diferentes vozes participem ativamente da construção e da execução dos projetos. “Nosso objetivo é garantir que cada recurso seja destinado de forma inteligente e que os benefícios perdurem”, afirma.
Fortalecimento das unidades de conservação e impacto social
As ações do BLP se concentram na reestruturação de UCs federais e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), abrangendo cerca de 430 mil hectares de florestas e ecossistemas costeiros. Os investimentos também contemplam ações educativas, monitoramento da biodiversidade, turismo de base comunitária e requalificação de áreas degradadas.
Camile Lugarini, do ICMBio, afirma que cerca de 50% dos recursos serão destinados às Unidades de Conservação do litoral paranaense. Ela reforça que o projeto não apenas recupera o meio ambiente, como promove o envolvimento das comunidades com o território.
Além disso, Natasha Choinski, da SPVS, alerta para a importância de garantir que os recursos oriundos de desastres ambientais não sejam absorvidos por fundos genéricos de governo. “Queremos que cada centavo sirva para recuperar o dano causado e, ao mesmo tempo, gerar um novo modelo de desenvolvimento sustentável e participativo”, explica.
Por meio de editais lançados pelo FUNBIO, organizações da sociedade civil e instituições públicas podem submeter projetos dentro dos eixos temáticos definidos. Cada proposta é acompanhada de forma técnica e financeira, com rigor na prestação de contas e impacto ambiental mensurável.
Referências da notícia
Assessoria de Imprensa. Programa de conservação está investindo mais de R$ 110 milhões na Mata Atlântica. 22 de julho, 2025.