Mudança de padrão mesmo sob atuação do El Niño: chuvas abrangentes e mais volumosas vão atingir o centro-norte do Brasil

O modelo ECMWF indica uma nova mudança no padrão climático do Brasil! Teremos condições favoráveis de chuva no Norte e Nordeste, mesmo durante a atuação do El Niño! Entenda o motivo e confira a previsão!

Chuvas no centro-norte do Brasil
Devido a mudança no cenário climático, modelo ECMWF prevê chuvas no centro-norte do país na semana que antecede o Natal.

Estamos nos aproximando do fim do ano de 2023, que foi marcado por grandes acumulados de chuva na Região Sul do país, com acumulados de até 300 mm por dia, além de temperaturas recordes de até 43°C na porção central do país.

O modelo de confiança da Meteored, ECMWF, atualizou e indicou mudanças no padrão climático no Brasil para o mês de dezembro! Mas quais fatores climáticos foram responsáveis por esta mudança de cenário? Confira os detalhes abaixo.

Segundo a última atualização do diagnóstico do El Niño-Oscilação Sul (ENOS) realizado pelo Climate Prediction Center (CPC) da NOAA, o clima do Brasil está sob efeito das condições do El Niño, atuante no Oceano Pacifico Tropical.

O El Niño enfraqueceu? Ou intensificou?

O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento da superfície do Oceano Pacifico e alteração nos padrões de circulação atmosférica em todo planeta. Essas águas mais quentes na subsuperfície são responsáveis em manter as anomalias positivas de TSM.

Desde junho as condições de temperatura da superfície do mar mostram um padrão típico do fenômeno, com uma faixa de águas quentes em grande parte do oceano Pacífico equatorial.

Nas últimas quatro semanas, a Temperatura da Superfície do Mar (TSM) aumentou significativamente em grande parte do Oceano Pacífico equatorial central e oriental, e atualmente está com uma anomalia de temperatura acima de 2ºC. As TSM acima da média fortaleceram-se perto da linha de data e no centro-leste do Pacífico durante o final de outubro e início de novembro. As anomalias de temperatura de superfície do mar na semana recente foram de 2,2 °C na região Niño1+2 e 1,8 °C na região Niño 3.4.

A região Niño 3.4 é utilizada como referência para definir se existe El Niño e assim, determinar a sua intensidade. Quando a anomalia de temperatura do mar se aproxima de 2°C, significa que o El Niño está na classificação muito forte ou intenso. E a última vez que o Oceano Pacífico esteve tão quente foi no inicio de 2016, quando as anomalias ficaram próximas de 2°C.

Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar
Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar. Fonte: NOAA

O fenômeno terá seu pico entre dezembro e janeiro, podendo atingir a categoria de super El Niño, e de acordo com as previsões climáticas do ECMWF, a atuação do El Niño deverá persistir até o primeiro semestre de 2024. Além disso, o aquecimento anômalo do Atlântico Tropical Norte desfavorece a precipitação no Norte e Nordeste do Brasil. Mas outro fator climático pode reverter este cenário e intensificar a formação de chuva no Norte e Nordeste! Entenda sobre!

A atuação da Oscilação Madden-Julian na precipitação do Brasil

Outro fator climático capaz de influenciar o regime de chuvas no Brasil é a Oscilação de Madden-Julian (OMJ). A OMJ consiste em uma célula de convecção tropical que viaja de oeste para leste na faixa equatorial num período de 30 a 60 dias, entre o Oceano Pacifico e o Índico. Mas como a atmosfera é um fluido, qualquer perturbação nela é propagada, ou seja, esta perturbação gerada acaba se propagando pelo restante do globo, inclusive no Brasil.

A OMJ é responsável por favorecer ou desfavorecer a formação de chuvas no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país, mas também afetando as demais regiões.

Quando a OMJ está em suas fases 1,2 e 8, este fenômeno favorece e intensifica as chuvas no Brasil, e o contrário ocorre em suas fases 4,5 e 6. Isto é possível observar a partir dos campos de anomalia de chuva, filtrados para a frequência de 30 a 60 dias, mostrado abaixo.

Oscilação de Madden-Julian
Comportamento registrado e previsão da Oscilação de Madden-Julian (OMJ). Fonte: NOAA/ECMWF/CFS.

Atualmente a OMJ está sobre o Hemisfério Ocidental e a África na fase 1, e a previsão indica que esta circulação se mova sobre o Oceano Índico nas fases 2 e 3. Isso significa que teremos condições favoráveis para a ocorrência de chuvas na região Norte e Nordeste do Brasil, na fase 1 e 2 do fenômeno. Mas é importante ressaltar que a OMJ não gera chuva sozinha, ela intensifica ou inibe as chuvas formadas.

Boas noticias! Mudança no cenário climático favorece condições mais úmidas no Nordeste

O modelo ECMWF atualizou a sua previsão climática da anomalia média semanal, e mostrou uma mudança no cenário do regime de chuvas para o centro-norte do Brasil, indicando a ocorrência de chuvas na semana que antecede o feriado do Natal!

Anomalia de chuvas no Brasil
Anomalia de precipitação para o período de 18 a 25 de dezembro, segundo o modelo ECMWF.

Como tínhamos comentado recentemente, para o inicio do mês de dezembro será marcado por condições mais úmidas do que o normal, com chuva acima da média, principalmente na Região Sul e Centro-Sul de Mato Grosso do Sul. Ou seja, o modelo de confiança da Meteored Brasil, indica uma grande probabilidade de ocorrência de chuvas entre 18 e 25 de dezembro.

Mas agora, esse padrão vai mudar a partir da terceira semana de dezembro, quando teremos anomalias negativas de precipitação no Sul do país, e condições mais úmidas entre o Centro-Sul e Nordeste do Brasil.

Por outro lado, o modelo de confiança ECMWF, indica a presença de condições mais úmidas na porção central do país, Sul da região Norte e boa parte da região Nordeste do Brasil, ou seja, na semana que antecede o feriado do Natal, a previsão indica condições favoráveis para precipitação nessas regiões.

Anomalia de Precipitação
Anomalia de precipitação para o período de 25 de dezembro a 01 de janeiro de 2024, segundo o modelo ECMWF.

Na semana seguinte, entre o Natal e o Ano Novo, esse padrão fica concentrado apenas na região Norte do país e litoral Norte do Nordeste, além do Sudoeste do Rio Grande do Sul. E na primeira semana de 2024, o modelo prevê anomalias de precipitação positiva apenas no litoral Leste do Nordeste e Sudoeste do Rio Grande do Sul, e por outro lado, anomalias negativas no extremo Norte do país.