Mistério resolvido? Buracos negros podem ser defeitos do espaço-tempo!

Físicos usando a Teoria das Cordas propuseram que buracos negros seriam defeitos que ocorrem no espaço-tempo. Na Teoria das Cordas é possível que buracos negros sejam defeitos que acontecem no espaço-tempo.

Buracos negros podem ser falhas no tecido do espaço-tempo
Pesquisadores de Teoria das Cordas propõem que buracos negros são defeitos encontrados no Universo.

Quando pensamos em buracos negros, logo vem na nossa cabeça grandes esferas com um anel ao redor que nem mesmo a luz conseguiria escapar. Filmes, como Interestelar de 2014, mostram esses objetos como grandiosas entidades astronômicas.

A ideia de buracos negros negros nasceu com a Relatividade Geral proposta por Einstein em 1915. A Relatividade Geral é a melhor teoria física para descrever o Universo e a gravidade. Porém, ao aplicá-la no domínio da Mecânica Quântica, a Relatividade Geral falha em descrever singularidades.

A Teoria das Cordas, uma teoria matemática, que poderia oferecer uma solução para descrever o domínio onde a Mecânica Quântica e a Relatividade Geral se juntam. Nela, buracos negros poderiam ser descritos como defeitos topológicos como publicado na Physical Review esse mês.

Relatividade Geral

A Relatividade Geral é a teoria proposta por Albert Einstein para descrever o tecido do Universo. Nela, o Universo possui 4 dimensões em um conceito chamado de espaço-tempo. O que conhecemos como gravidade seria a curvatura desse espaço-tempo, segundo Einstein.

Desde sua publicação em 1915, a Relatividade Geral passou por diversos testes e a teoria foi bem sucedida em todos eles.

Cada vez mais, a Relatividade Geral se mostra como uma teoria correta para descrever o domínio do macro como estrelas, galáxias, buracos negros e o próprio Universo.

Um dos testes importantes foi o eclipse de 1919 onde, pela primeira vez, a teoria da Relatividade Geral foi confirmada. O Brasil fez parte desse teste, pois Sobral no Ceará foi escolhido como um dos lugares para fazer as medições necessárias do eclipse.

O problema da Relatividade Geral

A Relatividade Geral descreve perfeitamente bem o domínio do Universo, porém quando vamos para coisas pequenas como as partículas que descrevem um átomo, ela começa a apresentar falhas. Partículas são explicadas por outra teoria bem estabelecida, a Mecânica Quântica.

A Mecânica Quântica, que teve seus pilares estabelecidos no século XX por diversos físicos, é responsável pelo domínio do micro. A Quântica também foi testada e comprovada com uma série de experimentos. O Modelo Padrão é dado como o modelo mais bem sucedido da Física.

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O problema surge quando tentamos juntar a Relatividade Geral, com a Mecânica Quântica. Essas duas teorias parecem não conversar ou se encaixar. Isso fica mais complicado quando encontramos algo no Universo que está dentro no domínio das duas: a singularidade.

Buracos negros

Buracos negros são distorções extremas do espaço-tempo. No centro desses objetos há uma singularidade: um ponto no espaço-tempo que a distorção é tão extrema que está tendendo ao infinito. Infinitos não são bem aceitos dentro de uma teoria da Física. Isso é um indicativo que a Relatividade Geral, que descreve essas distorções, é uma aproximação.

Por estar no domínio do micro, as singularidades poderiam ser descritas pela Mecânica Quântica mas esta, por sua vez, falha quando é necessário introduzir o conceito de gravidade dentro de sua teoria. Levando a crer que também seja uma aproximação da descrição do Universo.

Para resolver esse problema, os físicos esperam que uma área chamada de Gravitação Quântica consiga juntar a Relatividade Geral com a Mecânica Quântica. Uma candidata famosa surgiu dentro de uma teoria matemática: a Teoria das Cordas.

O que é a Teoria das Cordas?

A Teoria das Cordas é uma teoria matemática que descreve todas partículas e forças como vibrações em cordas. Essas vibrações aconteceriam um espaço com mais de três dimensões. Essas dimensões podem estar entrelaçadas entre si e tornar a observação ainda mais complicada.

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Ao estudar a Teoria das Cordas se encontra algo chamado sóliton topológico. Esses sólitons topológicos podem ser descritos como defeitos no espaço-tempo, algo como rachaduras que se encontra em pedras de gelo. Os sólitons topológicos surgiriam de forma natural sem a necessidade de forças ou matéria.

Buracos negros na teoria das cordas?

Estudando o que aconteceria com a luz ao passar em um ambiente contendo um sóliton topológico, os físicos perceberam que os efeitos são bastante semelhantes a de um outro objeto bastante famoso: um buraco negro.

Os sólitons topológicos conseguiriam distorcer a trajetória de um feixe de luz da mesma forma que um buraco negro consegue.

Para alguém observando a uma grande distância seria impossível distinguir um sóliton topológico de um buraco negro.

A diferença só seria perceptível quando se aproximasse desses objetos. No caso do sóliton topológico não haveria a presença de um horizonte de eventos. Em tese, seria possível chegar próximo ao sóliton sem ser engolido.

Os sólitons ainda permanecem como objetos hipotéticos e de natureza puramente matemática. Estudar esses conceitos nos ajuda a entender melhor as diferenças das observações com o que é previsto pela Teoria das Cordas.